LONDON, ENGLAND – DECEMBER 08: British prime Minister Boris Johnson gives a press conference at 10 Downing Street on December 8, 2021 in London, England. During the press conference, the Prime Minister announced that the government will implement its “Plan B” due to the rapid transmission of the Omicron variant. The work from home guidance has been reintroduced, mask wearing at public indoor venues will be enforced and mandatory COVID-19 vaccination passports will be required for entrance into crowded venues such as nightclubs. (Photo by Adrian Dennis-WPA Pool/Getty Images)
Em uma das decisões mais controversas de toda sua administração, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson assinou, na semana passada, um plano para enviar a Ruanda todos os imigrantes que cruzarem o Canal da Mancha sem documentação de entrada para o Reino Unido.
A nova política é baseada em acordo de 120 milhões de libras, equivalentes a 738 milhões de reais, firmado com o governo do país africano para a “integração” de imigrantes, e rapidamente causou intensa reação da oposição, que acusou o governo Johnson de tratar os refugiados de forma racista, desumana e cruel – para a ministra do Interior do Gabinete paralelo da oposição trabalhista, Yvette Cooper, o plano é “impraticável, antiético e extorsivo”.
Segundo o primeiro-ministro, a política visa combater organizações criminosas que praticam tráfico humano, impedindo também que pessoas coloquem a própria vida em risco para realizar ilegalmente a travessia, mas especialistas enxergam a medida como um aceno extremo ao eleitorado conservador do país, que elegeu Johnson, e que costuma se opor às políticas de imigração.
“Esse problema atormenta nosso país há muito tempo e já causou muito sofrimento e tragédia”, afirmou o primeiro-ministro, em discurso realizado Kent, no sudeste da Inglaterra. “Este é o governo que se recusa a se esquivar das decisões difíceis”, concluiu. No ano passado, aproximadamente 28 mil entraram ilegalmente realizando a perigosa travessia.
A política foi definida pelo Conselho de Refugiados do país como “cruel e degradante”, acusando a decisão de tratar os imigrantes como “não mais do que carga humana a ser enviada para outro lugar”.
Para a Anistia Internacional, a política anunciada por Johnson é “uma ideia chocantemente mal concebida” capaz de “causar sofrimento e desperdiçar enormes somas de dinheiro publico” – além do investimento em Ruanda, a medida terá um custo adicional mínimo de 50 milhões de libras, equivalente a cerca de 306 milhões de reais, para a contratação de novo pessoal e mais material, como helicópteros, drones e aeronaves pela Marinha britânica.
Boris Johnson não determinou como nem quando a política será posta em prática, e admitiu que enfrentará obstáculos legais e políticos, bem como forte oposição e resistência para realizar o plano – que, segundo o primeiro-ministro, visa garantir o caminho da legalidade e segurança como único meio para se entrar no país.
“Aqueles que tentam pular a fila ou abusar de nossos sistemas não encontrarão um caminho automático para se instalar em nosso país, mas serão rápida e humanamente removidos para um terceiro país seguro ou para o seu país de origem”, afirmou, apontando Ruanda como um país que melhorou muito nos últimos anos.
Localizado a 7.000 quilômetros de distância na região central do continente africano, Ruanda tem o 160º pior índice de desenvolvimento humano do mundo, e é alvo de constantes críticas por violações de direitos humanos, mortes sob custódia e tortura. // Fonte: Hypeness
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