Um engenheiro da Marinha americana e sua esposa tentaram vender segredos técnicos de submarino nuclear para o governo do Brasil, afirma o jornal “The New York Times” em reportagem publicada nesta terça-feira (15). O diário cita como fontes um funcionário do governo brasileiro e outras pessoas ligadas à investigação nos EUA.
Jonathan Toebbe, de 42 anos, e sua mulher, Diana, de 45, foram presos no estado americano de West Virginia em outubro. Eles teriam tentado vender os dados de um projeto de submarino nuclear escondidos em um sanduíche de pasta de amendoim, para alguém que eles acreditavam ser o representante de outro país. Agora veio à tona que esse pais é o Brasil.
De acordo com o alto funcionário brasileiro citado pelo “Times” e outras pessoas que conhecem a investigação, Toebbe abordou o governo do Brasil há quase dois anos com uma oferta de milhares de páginas de documentos confidenciais sobre reatores nucleares que ele havia roubado dos EUA. Só que o plano deu errado logo de cara: depois que Toebbe enviou uma mensagem oferecendo os segredos ao Brasil em abril de 2020, as autoridades brasileiras avisaram o adido do FBI na embaixada americana.
Então, um agente do FBI disfarçado se fez passar por um funcionário brasileiro para ganhar a confiança de Toebbe e convencê-lo a depositar os documentos em um local escolhido pelos investigadores. O suspeito acabou concordando em fornecer documentos e ofereceu assistência técnica ao programa de submarinos nucleares do Brasil, usando informações confidenciais que ele roubou trabalhando para a Marinha dos EUA. Depois de meses de negociação, o casal fez um acordo para compartilhar informações secretas em troca de aproximadamente US$ 100 mil (cerca de R$ 500 mil) em criptomoedas.
Em junho de 2021, Jonathan e Diana Toebbe viajaram para West Virginia para entregar os dados. Diana apenas vigiou enquanto Jonathan “colocou um cartão SD escondido dentro de um sanduíche de pasta de amendoim” em um lugar combinado, diz o comunicado. Depois que o agente pegou o cartão, ele entregou o pagamento e recebeu uma chave de decodificação para acessar os arquivos vendidos. No cartão, havia dados restritos “relacionados a reatores nucleares submarinos”. Depois disso, Toebbe ainda fez uma segunda remessa em agosto — desta vez escondida dentro de um pacote de chiclete —, com mais dados secretos. Os agentes do FBI prenderam o casal durante uma terceira venda de informações. O casal, que moravam em Annapolis, Maryland, foi preso em outubro e se declarou culpado de acusações de espionagem. Ele pode pegar até 17 anos e meio de prisão e ela até três anos.
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