em 20 de janeiro de 2020, Jonathan foi detido, acusado de ser o autor de dois roubos a residências e um roubo de carga na região do Grajaú, Zona Sul de São Paulo. O crime teria ocorrido por volta das 23h. Naquela noite, Jonathan afirmava estar trabalhando como chapeiro em uma lanchonete, localizada a cerca de 20 km dos locais dos delitos. Sua versão, no entanto, não foi considerada relevante pelas autoridades.
“Falei: vocês estão me confundindo. Como me prendem sem sequer saber meu nome?”, recordou Jonathan, que se sentiu impotente diante da situação.
Durante a investigação, as vítimas identificaram Jonathan a partir de fotos. Meses depois, confirmaram seu reconhecimento pessoalmente. A detenção aconteceu quando sua esposa estava grávida de dois meses; o filho, Éder, veio ao mundo enquanto Jonathan estava encarcerado. Infelizmente, a criança sofreu complicações de saúde, resultando em um estado vegetativo que requer cuidados constantes, conforme noticiado pelo g1.
Apesar dos pedidos de revogação da prisão feitos pela defesa,o Ministério Público se opôs à liberdade de Jonathan,argumentando que ele deveria ter ”pensado nisso antes de se envolver em problemas”,segundo o promotor Evelton Davi Contesopo.
Recentemente, a Justiça de São Paulo declarou que os motivos da prisão de Jonathan não foram suficientemente claros e ordenou sua libertação. O Tribunal de Justiça apontou indícios de irregularidades na conduta de alguns agentes envolvidos no caso, incluindo o policial militar Sérgio Batista, que já havia sido alvo de investigações internas. O Estado deverá indenizar Jonathan e sua família em R$ 350 mil por danos morais.
O ministro Rogério Schietti, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), destacou a gravidade de casos como o de Jonathan, que evidenciam falhas no sistema de justiça penal. “O Estado falha em proteger indivíduos inocentes, que acabam separados de suas famílias sem provas que justifiquem tal condenação. Isso não pode ser uma prática recorrente no Brasil”, afirmou.
A Secretaria da Segurança Pública declarou que o policial mencionado não está diretamente implicado nas investigações do caso,enquanto o Ministério Público continua a buscar justiça. Após ser libertado e receber a notícia da indenização, Jonathan abriu seu coração:
“Nada apaga a injustiça. Hoje meu nome não vale mais nada. Minhas contas estão atrasadas e já acumulei mais de R$ 7 mil em dívidas.Além disso,o sofrimento por causa do estado do meu filho enquanto eu estava preso é imensurável”,explicou.
Esse caso nos leva a refletir sobre quantas pessoas podem estar sofrendo injustamente devido a falhas no reconhecimento fotográfico, um erro que poderia ser prevenido se a Justiça agisse com mais rapidez e eficiência.

Jonathan, o homem que ficou preso injustamente após reconhecimento por foto, foi inocentado e 5 anos depois receberá R$ 350 mil de indenização. – Foto: reprodução/TVGlobo