No Dia do Livro, comemorado neste sábado, 23 de abril, vamos mostrar a história de mulheres que, independentemente da distância, se uniram para impactar vidas usando literatura e afeto.
Era quase final de 2020 quando, um dia, Carol Campos, que possui formação em Letras, dormiu insatisfeita por perceber que seu filho, na época com 5 anos, não se via representado na literatura infantil.
Sentindo-se encorajada e apoiada pelas participantes da Oficina de Escrita com Ana Holanda, ela levantou decidida a escrever uma nova história e assumiu seu lugar de escritora. Assim nasceu Duas Mamães, seu primeiro livro infantil publicado pela Semente Editorial. (assista abaixo)
Morando em Ubatuba, no interior de São Paulo, Carol vê como a literatura ultrapassa os limites geográficos podendo servir de espaço para a sua expressão.
“Ana me fez entender que não é só o Saramago que é escritor. Sou eu, ela e as mulheres que nos acompanham. Dali em diante, comecei a me ver como uma mulher escritora. Sempre achei importante a escrita ser esse espaço onde você se posiciona, mas com afeto, com cuidado”.
“Só te falta coragem”
Antes de conhecer a escritora Ana Holanda, Carol Campos sentia que precisava de um incentivo para iniciar no mundo literário.
Ela trabalhou em três consulados diferentes, mas sonhava com uma reviravolta na carreira.
“A escrita era realmente uma fonte de paz, era onde eu me refugiava. Sempre tive, desde pequena, o sonho de trabalhar com a escrita e não sabia nem por onde começar”, conta Carol.
Depois de participar de muitos cursos teóricos, ela se matriculou na Oficina de Escrita com Ana Holanda.
“Ela era, para mim, quase uma entidade, nem tinha coragem de me aproximar, mas me encontrei naquela escrita tão acolhedora”, conta a aluna que, de tão assídua, nas aulas presenciais e remotas – quando os encontros tiveram que ser reformatados por conta da pandemia – teve a participação questionada em um novo curso.
“Fui aluna em todos os cursos até o dia em que Ana me disse: sua escrita já existe, você já encontrou sua voz. Só te falta coragem”.
Rede de apoio
Grata pela oportunidade de descobrir sua vocação para a literatura, Carol participa de uma rede de apoio a novos escritores que surgiu quando seis mulheres que não se conheciam resolveram usar o afeto, através da escrita, para encorajar umas às outras a despertarem para o prazer da leitura e a desabrocharem através das palavras.
Com cumplicidade e muito estímulo, elas estão escrevendo páginas que até hoje nenhuma literatura foi capaz de deixar como legado.
Assim nasceu o coletivo chamado Palavreira em Flor, que gerou o projeto Pé de Palavra, em que elas fazem leituras críticas e mentorias de escrita.
“Somos seis mulheres de cidades diferentes que não se conheciam. A seis mãos – 12 porque a gente digita – vamos lançar nosso primeiro livro”, celebra a agora escritora e redatora Carol Campos, feliz com a mudança de carreira aos 45 anos. Quatro Paredes, Oito Estações chega ao mercado pela editora Ases da Literatura e reúne contos, crônicas e poemas sobre a vida das autoras ao longo da pandemia.
Escrever para impactar vidas
Referência no segmento da escrita afetuosa, hoje, com 25 anos de experiência na produção e edição de textos, Ana Holanda, jornalista e diretora de conteúdo da revista Vida Simples, também precisou de coragem para se enxergar escritora além da sua carreira no jornalismo.
“As técnicas jornalísticas, a estrutura textual, o exercício de escuta e do olhar ajudaram, mas a autorialidade veio com o tempo e veio com a escritora”, comenta Ana.
Hoje, mais do que compartilhar conhecimentos, ela dá as mãos e conduz novos escritores rumo à primeira publicação.
“Essa é muito minha função há sete anos, desde que lancei os cursos. Fazer com que elas percebam a escrita como uma possibilidade… que se percebam capazes de escrever algo que interessa e toca o outro”.
Fazer um livro não é só escrever, é um processo inteiro que vai desde a ideia até a impressão. Na visão dela, o que interessa não são os prêmios nem estar com o livro no bolo de noiva – aquela prateleira central – das grandes livrarias.
“O maior retorno é ser lido e causar algum tipo de impacto nas pessoas. É sobre provocar identificação com a história e transformar a vida do outro. Para mim esse é o maior legado de um escritor”, revela Ana Holanda.
Ana é autora dos livros Minha Mãe Fazia, que reúne crônicas e receitas que navegam por memórias afetivas, e do guia Como se encontrar na Escrita, que orienta novos autores no processo de construção das palavras regadas também a afeto.
Com informações da Agência Educa Mais Brasil
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