Em Massachusetts, muitos imigrantes com formação acadêmica e experiência profissional enfrentam desafios significativos para reingressar no mercado de trabalho. Um novo estudo revela como as barreiras impostas por requisitos de credenciamento, complicações relacionadas à imigração e desigualdades estruturais dificultam esse processo.
O estudo, intitulado “Desafios de Imigrantes em Busca de Reconhecimento Profissional”, foi divulgado recentemente pela Boston foundation em colaboração com o Latino Equity Fund. A pesquisa se baseia em entrevistas com 20 imigrantes que estão matriculados em cursos de inglês pelo estado.
“As dificuldades estão profundamente integradas aos nossos sistemas de imigração, educação e mercado de trabalho”, afirma o documento. “Apesar de sermos uma nação que depende fortemente de imigrantes,nossa opressão sobre eles está clara. Para as comunidades latinas e caribenhas, o preconceito cria uma barreira adicional, evidenciada por sua predominância em empregos de baixa remuneração. Isso é corroborado por dados salariais”, prossegue.
Embora as normas de imigração dos EUA permitam anualmente cerca de 140.000 vistos de imigração baseados em habilidades, a maioria dos imigrantes chega via reunificação familiar ou canais humanitários, e não por meio de oportunidades de trabalho. Consequentemente, aqueles que possuem credenciais profissionais são frequentemente obrigados a revalidar suas licenças, um processo que pode levar anos para ser concluído.
O estudo revelou que, mesmo com experiências em áreas como saúde, engenharia e relações internacionais, muitos participantes foram forçados a aceitar empregos de baixa qualificação, como motoristas de aplicativo ou trabalhadores de limpeza. Eles descreveram o processo de licenciamento nos EUA como complexo, desgastante e oneroso financeiramente.
“Um imigrante que se vê obrigado a trabalhar em dois empregos devido ao alto custo de vida, e que também enfrenta problemas de saúde sem acesso a assistência médica, encontra dificuldades em se concentrar na busca por uma reintegração profissional”, observou Jonathan Vega-Martinez, pesquisador da UMass e coautor do relatório.
Os pesquisadores identificaram as principais barreiras enfrentadas: fluência em inglês, restrições impostas pela política migratória, desconhecimento do mercado de trabalho local, realização pessoal, responsabilidades familiares e a complexidade dos processos de recredenciamento. Essas questões interligadas frequentemente levam muitos imigrantes a desistir de suas tentativas de retornar a sua área de formação.
Uma das maiores dificuldades relatadas referia-se ao status migratório. O estudo refere-se à existência de “imigrantes não autorizados“, muitos dos quais possuem algum tipo de documentação, seja através de um status legal humanitário ou por terem ultrapassado a validade de seu visto.
“A ausência de autorização de trabalho para esses imigrantes os impede de acessar empregos formalizados, independentemente de suas habilidades ou formação”, afirma o estudo.
Adicionalmente, o relatório enfatiza que a “extensa complexidade” do sistema de imigração nos EUA é intensificada pelas dificuldades relativas à obtenção de credenciais para atuar nas respectivas profissões.Este estudo é divulgado em um contexto em que o governo federal intensifica o processamento de imigrantes sem documentação e as discussões no Congresso sobre reformas migatórias ainda estão em aberto.
Mesmo para aqueles que possuem autorização de trabalho, os participantes relataram frequentemente a dificuldade em encontrar informações precisas sobre as licenças necessárias e os procedimentos para obtê-las. Outros compartilharam experiências sobre o desafio de equilibrar reciclagem profissional e estudos com um trabalho em tempo integral e obrigações familiares.
“Atualmente, estou atuando em dois empregos e, neste semestre, decidi me matricular em um curso em Bunker Hill, tudo por conta própria. Dizer que é fácil seria uma mentira – conciliar as demandas dos dois trabalhos, ambos em tempo integral, é bem complicado. Aproveito cada momento livre para assistir a documentários em inglês”, relatou uma das entrevistadas, que é mãe solteira.
O relatório sugere várias ações para facilitar a inserção dos imigrantes no mercado de trabalho, alinhando suas qualificações com as necessidades do estado.
Entre as propostas estão a criação de um centro estadual de informações sobre recredenciamento, que centralize o acesso a informações sobre licenciamento, o fortalecimento de redes de organizações não governamentais para apoiar imigrantes no processo de recredenciamento e o incentivo ao financiamento de cursos de inglês voltados para o ambiente profissional.
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Matéria original por Brazilian Magazine
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