O corpo de um idoso que morreu de Covid-19 aos 98 anos foi necropsiado e dissecado diante de uma plateia na sala de convenções de um hotel em Portland, no estado de Oregon, num evento de “curiosidades” que vendeu ingressos de até US$ 500 (R$ 2,8 mil).
Segundo o canal “KING 5”, o homem foi identificado como David Saunders, e sua família afirmou, após a divulgação da “apresentação”, que não houve qualquer autorização para aquilo. O que os parentes haviam consentido foi com o uso do cadáver para estudos de Medicina. A história veio à tona após um jornalista da emissora ter presenciado o evento, que marcaria o primeiro “show” de uma turnê.
O episódio ocorreu no último dia 17 e, diante da divulgação na mídia, repercutiu, gerando críticas à necropsia feita para entretenimento. Assim, o evento que marcaria a segunda “apresentação” da turnê e estava agendado no dia de Halloween num hotel em Seattle, foi cancelado.
“Achamos que isso não foi respeitoso e certamente não é ético”, disse Kimberly DiLeo, investigadora-chefe do instituto médico legal do condado de Multnomah, em Oregon.
Segundo a “KING 5”, o profissional que atuou nesse caso foi o médico Colin Henderson, professor aposentado da Universidade de Montana.
O corpo do idoso foi colocado sobre uma mesa disposta ao centro da sala de convenções do hotel, onde os clientes VIPs, que pagaram o valor máximo do ingresso, ocuparam lugares mais próximos, na primeira fila. O médico cortou a cavidade torácica, a cabeça e os membros do cadáver, removeu órgãos, incluindo o cérebro, e explicou ao público que esse era o mesmo tipo de procedimento que ensinava na faculdade.
A família de Saunders havia doado o corpo dele para a empresa Med Ed Labs, sediada em Las Vegas, que visa a contribuir para “pesquisas médicas e cirúrgicas”. O combinado é que depois do uso para estudo, a instituição devolve os restos mortais cremados. Segundo um representante da Med Ed Labs, Ciliberto tinha informado que usaria o corpo para uma aula de Medicina. O organizador do evento, por sua vez, disse que o doador e sua família deram consentimento para uso do corpo em “pesquisas médicas”.
Idealizador do evento, Jeremy Ciliberto planejava fazer uma turnê de autópsias como parte da Expo Oddities and Curiosities (exposição de bizarrices e curiosidades) em várias localidades dos Estados Unidos. Além de realizar o que descreveu como “evento educacional”, ele possui uma conta no TikTok com 1 milhão de seguidores, produz um podcast e cria obras de arte usando réplicas de ossos humanos. Ele argumentou, num comunicado enviado à “KING 5”, que sua ideia permitiria “aos alunos explorar o corpo de uma forma muito mais íntima e desestigmatiza a morte”.
“Este não é um espetáculo à parte”, declarou Ciliberto. “Isso é muito profissional”.
Aparentemente, de acordo com a emissora, não foi levada em consideração a causa da morte de Saunders por Covid-19, já que seu corpo, potencialmente infeccioso, foi dissecado diante de várias pessoas que foram convidadas a examiná-lo e tocá-lo.
“Fico realmente triste por este senhor não ter recebido a dignidade e o respeito que ele merecia e o que ele pensava e sua família pensava que estaria acontecendo com seu corpo”, disse Mike Clark, diretor funerário em Baton Rouge, Louisiana, que cuidou da doação à empresa.
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