Três deles conquistaram em Massachusetts a mandala que completa a série das seis mais importantes corridas do mundo
Por José Luchetti
Um grupo de oito corredores de São Paulo, Rio de Janeiro, Maringá e Porto, em Portugal, foi a Boston para a famosa maratona, em 15 de abril, uma segunda-feira, e feriado na cidade por conta da prova. A Acontece acompanhou os preparativos e a tensão na véspera para contar a história destes atletas amadores, três deles que completaram a mandala das seis mais importantes maratonas do mundo: Chicago, Nova York, Tóquio, Londres, Berlim e agora Boston.
Silvio Pereira trabalha no mercado financeiro e é o único do grupo que não mora atualmente no Brasil, reside em Portugal, ele corre desde 2015 e completou, em Boston, a mandala das seis corridas com os colegas Flaviano Pérez, também do marcado financeiro, e Guilherme Carvalho, ex-lutador de Jiu-Jitsu. “Eu nunca tive o biotipo de corredor e decidi praticar o esporte para mostrar aos meus dois filhos, que são autistas, que eles podem ir atrás dos objetivos que quiserem independentes dos limites que a vida impõe”, conta Guilherme Carvalho. Já Flaviano Pérez, que começou a correr há mais de 10 anos incentivado por um amigo, não parou mais. Todos são categóricos ao afirmar que a corrida alivia o estresse e ainda traz mais qualidade de vida.
Flaviano é o aglutinador do grupo que se reúne pelo mundo para fazer as provas. Junto o irmão Bráulio Pérez e o amigo Cleverson Costa correm todos os domingos no Parque do Ingá, em Maringá. Eles são acompanhados por Nailor Marques Jr, ex-professor de cursinho de Flaviano e, atualmente, palestrante e autor de 31 livros. Nailor é o intelectual do grupo que leva os amigos aos museus e pontos históricos quando fazem as provas. Em Boston visitaram o MIT, a Universidade de Harvard e o MassArt Museum.
Na noite, antes da corrida, todos jantaram juntos em um restaurante italiano com esposas e amigos, que viajaram para incentivar os atletas. Comeram massa, carboidrato como recomendam os treinadores, para terem energia no dia seguinte, mas havia uma certa tensão no ar. Daniel Góis, o mais velho da turma, que neste ano fará 70 anos, falou com a irmã que mora em Itabaiana, Sergipe por telefone, e revelou a insegurança em não conseguir completar a prova. Carinhosamente ela respondeu: “se não der para terminar, pára e tudo bem”. Mas é evidente que ele conseguiu finalizar a maratona em Boston e só falta Berlim, no segundo semestre, para ele também conquistar a tal mandala das seis corridas mais emblemáticas. Daniel Góis começou a praticar o esporte para vencer uma depressão e superou com “determinação” como ele mesmo diz ao ter as provas como um novo objetivo de vida.
O oitavo integrante do grupo de atletas amadores é Ricardo Orefice que trabalha na ouvidoria de um grande banco e lida com casos de assédio moral e sexual, no dia a dia. “O esporte foi uma forma que encontrei para processar todo o impacto de tristes histórias. As maratonas me ajudam a superar desafios e eu mostro para as pessoas que elas também podem conseguir”, conta. Ricardo Orefice, além de já ter corrido mais de 400 meias maratonas, ainda se revela um leitor voraz tendo lido mais de 200 livros no ano passado, 80% correndo no formato de áudio livro. “Li até Guerra e Paz de Liev Tolstói assim. A corrida me acalma e limpa a minha mente para eu ajudar as pessoas acharem um caminho e uma solução para a vida delas depois de um trauma”.
A maratona de Boston, passa por oito cidades e vilas e, neste ano, reuniu 29.451 participantes sendo 16.803 homens, 12.595 mulheres, 53 não binários, representando os 50 estados dos EUA, além de 129 países. Foram 9.900 voluntários, incluindo 1.600 voluntários médicos. O impacto econômico da prova é estimado pelos organizadores em mais de US$ 200 milhões para a economia da Grande Boston.
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