O ano de 2023 testemunhou um surpreendente enfraquecimento do dólar americano, com uma queda de 7,20% em relação ao real brasileiro. Este fenômeno, impulsionado por fatores tanto internos quanto externos, desenvolveu considerável especulação sobre o que o futuro reserva para a moeda de reserva global.
A desvalorização do dólar neste ano foi moldada por uma confluência de fatores, sendo a inflação nos Estados Unidos um dos principais catalisadores. Com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) registrando um aumento atípico de 3,1% em dezembro, as preocupações com a saúde da economia americana foram exacerbadas. Paralelamente, a Ásia também desempenhou um papel crucial, com a China revelando um crescimento de 4,9% no terceiro trimestre de 2023, abaixo das expectativas.
Surpreendentemente, o Brasil enfrentou um período de crescimento modesto, reportando um aumento de 0,1% no PIB do terceiro trimestre de 2023. Contrariando as expectativas de queda, o país alcançou um nível 7,2% acima do registrado no último trimestre de 2019, antes da pandemia.
O especialista Alexandre Viotto, head de solutions da EQI Corretora, destaca que o dólar começou o ano em R$ 5,28 e encerrou 2023 em R$ 4,90. “Isso fez dele um dos piores investimentos do período”, disse, durante entrevista para o portal Estadão.
Impactos Globais
Como mencionamos no artigo “O enfraquecimento do dólar e seus efeitos ao redor do mundo”, publicado em julho de 2023, a desvalorização prolongada do dólar não apenas impacta as economias globais, mas também influi nos mercados financeiros. Países em desenvolvimento podem se beneficiar com a redução nos preços das importações, aliviando pressões inflacionárias. No entanto, as moedas de países como o Japão podem fortalecer-se, enquanto estratégias ligadas a moedas mais fracas podem ser afetadas.
A fraqueza do dólar tende a impulsionar as exportações americanas, prejudicando concorrentes globais. A recente queda no índice Bloomberg do dólar contribuiu para a alta nos preços das commodities cotadas em dólar, como petróleo e ouro.
A expectativa do dólar em 2024 é um tema que atrai considerável especulação. O Brasil, por exemplo, pode seguir dependendo da evolução das contas públicas frente à própria austeridade do governo federal. No cenário internacional, os movimentos do Federal Reserve (Fed) ganham destaque, especialmente após sinalizações de quedas nos juros nos próximos meses.
Também para o Estadão, Diego Costa, head de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, destaca o cenário político e econômico nos EUA como um fator chave para a desvalorização do dólar em 2023. A incerteza sobre o compromisso futuro do Banco Central do Brasil (BC), especialmente com a saída prevista do presidente Roberto Campos Neto em 2024, adiciona complexidade às projeções.
As projeções para 2024 não estão isentas de riscos. A política dos bancos centrais dos EUA e da Europa, a possível suavização (dovish) dos mesmos e as implicações geopolíticas de eventos como o conflito entre Israel e Palestina são variáveis que podem alterar significativamente o curso das moedas globais, incluindo o dólar.
A teoria do “sorriso do dólar” que sugere uma moeda mais forte em tempos de recessão ou crescimento econômico robusto e mais fraca em períodos de crescimento moderado, adiciona uma camada de complexidade às previsões. Uma aterrissagem suave para a economia dos EUA pode favorecer um dólar mais fraco.
Devemos ficar atentos, portanto, aos movimentos dos bancos centrais, a evolução das contas públicas brasileiras e os eventos geopolíticos que moldarão o destino do dólar nos próximos meses. Para ter acesso a mais atualizações e análises recentes sobre a movimentação do dólar no cenário mundial, confira nossa página “De Olho no Dólar”.
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