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“Vou trazer meu filho de volta para casa”, diz mãe de brasileiro baleado na cabeça nos em Illinois

Há quase um mês, a dona de casa Mônica Marchezani vai todos os dias a um hospital de Chicago, Illinois, para ficar ao lado do filho João Pedro, de 23 anos. Estudante de robótica, ele foi baleado na cabeça enquanto saía com amigos para um bar na cidade americana, onde mora há cerca de quatro…
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Há quase um mês, a dona de casa Mônica Marchezani vai todos os dias a um hospital de Chicago, Illinois, para ficar ao lado do filho João Pedro, de 23 anos. Estudante de robótica, ele foi baleado na cabeça enquanto saía com amigos para um bar na cidade americana, onde mora há cerca de quatro anos. Internado em estado grave, o brasileiro está sem enxergar e falar, além de ter o lado esquerdo paralisado. Como não pode dormir na unidade, sua mãe chega cedo e fica sempre até o fim do horário permitido para acompanhar sua recuperação. Após o jovem deixar a UTI na última quinta-feira, começa a dar pequenos sinais de evolução.

“A cada dia ele melhora um pouco mais. Ele ainda não enxerga, não fala, mas a gente faz leitura labial para se comunicar. Se ele está acordado e calmo, a gente consegue melhor. Se está muito sonolento, não mexe muito a boca. E se está muito agitado, a gente não consegue ler. Tem sido um desafio”, disse Mônica. “Ele aperta a nossa mão, responde coisas simples. Para sim, aperta uma vez, e para não, duas vezes”.

João Pedro também segue sem os movimentos no lado esquerdo do corpo. No último dia 27, data de seu aniversário, ele recebeu a visita dos pais ao mesmo tempo, permitida pelo hospital. Mas, enquanto rezavam juntos de mãos dadas, o estudante moveu sutilmente a sua canhota.

“Ele apertou a minha mão do lado esquerdo, muito sutil, mas mexeu. Até perguntei se meu marido tinha visto e falei: ‘Filho, mexe a mão para o papai ver’. E ele movimentou. Quando a enfermeira chegou e pediu para ele mexer, ele não mexeu. Eu pedi para ele de novo, e ele mexeu. A enfermeira disse que era um milagre”, disse sua mãe, emocionada.

Os médicos ainda não descartam risco de morte e pregam cautela com a evolução, embora animadora. Os profisisonais avaliam que é cedo para fazer qualquer diagnóstico ou cravar que ele terá sequelas. Ele deu entrada na unidade na madrugada de 5 de setembro, quando foi alvejado dentro do carro de um amigo.

Horas antes, João Pedro e namorada foram às compras para o apartamento que acabaram de alugar. Um casal de amigos, que também se mudara recentemente, os acompanhou. Após passarem a tarde juntos, resolveram sair à noite para celebrar. Primeiro, se reuniram na casa do casal e de lá partiram no mesmo carro, em um grupo de cinco pessoas.

A caminho de um bar, o rapaz que dirigia percebeu que uma moto os seguia. Viu também que o condutor estava armado. A reação foi desviar para despistá-lo. Ali começava uma fuga pelo bairro, até que se depararam com uma dupla em outra moto. Durante a perseguição, o carona disparou oito vezes contra o veículo. Um dos tiros atingiu João Pedro, que imediatamente caiu no colo de sua namorada.

“Aqui não é comum ter moto, porque é muito frio. Então, o amigo do João percebeu e viu que o cara estava armado. A moto começou a se aproximar e, nisso, ele “fechou” a moto. Não sei se foi para derrubar. Começaram uma fuga, pelo desespero, pelo medo. Até que se deu conta de que tinha outra moto com duas pessoas. As duas motos se aproximaram cada vez mais, e o carona disparou oito tiros no carro. Um desses atingiu meu filho na cabeça”, conta Mônica.

Assim que o estudante foi atingido, o grupo ligou para a polícia, que os encontrou em um posto. Dali, João Pedro foi encaminhado de imediato para o hospital. A bala atingiu o lado esquerdo da nuca e atravessou até se alojar perto na região da testa. Após analisar filmagens das câmeras de segurança, a polícia diz que já trabalha com suspeitos do crime.

O estudante chegou ao hosipital acordado e ciente do que havia acontecido, mas não sentia o lado esquerdo. Ele foi então intubado e levado para a UTI com uma proteção no pescoço. A família foi comunicada na sequência sobre o ocorrido e correu para a unidade.

“Foram as piores horas da minha vida. Só sabíamos que ele tinha sido baleado. Tinha um capelão esperando a gente, e ele nos deu a notícia de que o nosso filho havia sido baleado na cabeça. Foi desesperador. Nunca senti tanta dor, pavor”, afirma Mônica.

Os pais de João Pedro autorizaram a implantação de um dreno no cérebro, que não foi suficiente. O estudante precisou ser submetido a uma cirurgia na qual os médicos cortaram parte do osso de sua cabeça para evitar a compressão. Um monitor cerebral e um medidor de pressão arterial foram instalados. E o jovem, colocado em coma induzido.

O brasileiro ainda desenvolveu uma pneumonia durante a internação. Precisou colocar um catéter que espalhasse a medicação de forma mais rápida.

“Tenho certeza de que ele vai se recuperar. Sei que vai ser no tempo dele, mas não me importo. Ele está vivo e é um milagre. Como mãe, digo que o meu filho vai sair dessa. Vou trazer meu filho de volta para casa”, afirma Mônica.

Em razão dos altos custos do sistema de saúde dos EUA, um amigo da família criou uma campanha de arrecadação para ajudar. Inicialmente, a vaquinha online estabeleceu uma meta de US$ 50 mil, mas o valor deve ser revisto. Enquanto João Pedro está em perigo de vida, o Medicaid, um programa de saúde do governo que restitui o hospital, cobre os gastos. Depois, fica por conta da família.

Até o momento, já foram angariados quase US$ 45 mil. Para ajudar, basta acessar a campanha no site GoFundMe (https://www.gofundme.com/f/help-joo-pedro-recover-from-head-wound?utm_campaign=p_cp+share-sheet&utm_medium=copy_link_all&utm_source=customer) ou por meio de Pix para as chaves ajudejp@gmail.com ou caron04@gmail.com.

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