
Após a perda da amada esposa Joyce em 2013, willis Wipf viu sua vida transformada pela dor. “Eu precisava de um motivo para levantar da cama”, compartilha. Dessa tristeza surgiu uma nova missão: a confecção de brincos artesanais, que se tornaram sua grande paixão.
Aos 95 anos, vivendo em um residencial sênior em Mesa, Arizona, Willis converteu sua pequena oficina em um verdadeiro centro de criatividade e generosidade. O que começou como uma forma simples de homenagear sua esposa há quase três décadas, agora se tornou uma devoção diária. “Se conseguir alegrar o dia de alguma mulher,isso vale a pena”,diz ele ao The Washington Post.
Willis dedica cerca de três horas por dia à criação de seus brincos. Seu processo é meticuloso e carregado de dedicação: ele foca na transformação de pedras em formas elegantes como lágrimas ou triângulos, polindo cada uma até que brilhem e adicionando ganchos personalizados. Em casa, ele mantém seus brincos em tigelas de sal para garantir que se mantenham na vertical, enquanto um MacBook Pro reaproveitado serve como sua vitrine improvisada.

Com o passar do tempo, Willis começou a explorar rochas coletadas de calçadas e rios, além de adquirir pedras preciosas como opala e malaquita. ele economiza seu cheque de aposentadoria e evita viagens a lazer apenas para comprar mais materiais. “Ele não quer descartar uma única pedra”, observa sua filha, Jane Wiebe, que vê quatro baldes de rochas de cinco galões empilhados do lado de fora de seu trailer, chamando a atenção dos vizinhos.
Willis não vende suas criações; em vez disso, doa cada um dos mais de 10.000 pares de brincos que já fez, presenteando mulheres que conhece ou repartindo entre seus familiares. Sua filha, Jane, que mora em Homer, no Alasca, costuma transportar os brincos em seu Subaru azul, entregando-os em estacionamentos, jogos de cartas e até consultórios dentários. “Quando alguém pergunta o preço, ela responde: ‘É grátis. Você não pode comprá-los'”,acrescenta.

Joyce usava com frequência os brincos feitos à mão antes de sucumbir à doença de alzheimer. após seu falecimento, Willis repartiu os 80 pares que sobraram entre seus filhos e netos.Nos primeiros meses de luto,ele tentou se distrair com esportes e coral,mascom o passar do tempo,foi seu ateliê que realmente lhe trouxe conforto.
Ele estabeleceu uma rotina diária rígida, com as manhãs dedicadas ao trabalho na oficina, seguidas por uma refeição leve e uma soneca, antes de retornar à sua criação. Mesmo após enfrentar uma grave insuficiência cardíaca em 2023, ele se declarou a um membro da equipe do hospital: “Tenho brincos para fazer”.

A sua generosidade o tornou uma figura querida na comunidade sênior. “Ele pode não conhecer todas as mulheres aqui, mas todas conhecem ele”, aponta Jane. Em uma exibição de arte realizada em março,Willis doou mais de 120 pares de brincos e apresentou os passos de seu elaborado processo de 14 etapas,para assim,abrir espaço para criar mais.
Para Willis Wipf, o trabalho com jóias nunca foi apenas uma questão de adornos. É uma forma de espalhar felicidade, uma pedra brilhante de cada vez.