O que deveria ser uma surpresa emocionante para a família tornou-se um pesadelo jurídico e pessoal para Any Lucia Lopez Belloza, uma estudante de 19 anos do Babson College, em Massachusetts. A jovem foi detida por agentes de imigração no Aeroporto Internacional Logan, em Boston, e deportada para Honduras, país que deixou quando tinha apenas sete anos de idade.
O caso ganhou repercussão internacional não apenas pela rapidez da ação, mas porque a deportação ocorreu em violação direta a uma ordem judicial de emergência que deveria tê-la mantido nos Estados Unidos.
A Detenção e o “Erro” no Embarque
No dia 20 de novembro, Any Lucia dirigiu-se ao aeroporto com o objetivo de voar para o Texas, onde planejava surpreender seus pais e irmãs mais novas para o feriado de Ação de Graças (Thanksgiving). Segundo relatos, ela já havia passado pela segurança sem incidentes e aguardava no portão de embarque quando foi informada de um suposto “erro” em seu bilhete.

Ao dirigir-se ao balcão de atendimento para resolver a questão, ela foi recebida por agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE), algemada e levada sob custódia. “Eu pensei: ‘Eu estava viajando para surpreender meus pais, e agora a surpresa será que não estarei lá’”, disse a estudante em entrevista recente.
Violação de Ordem Judicial
O advogado de Any, Todd Pomerleau, agiu rapidamente. Horas após a detenção, um juiz federal emitiu uma ordem de emergência proibindo explicitamente o governo de remover a estudante de Massachusetts ou dos Estados Unidos por pelo menos 72 horas.

Apesar da decisão judicial, Any foi transferida para o Texas naquela mesma noite e, na manhã seguinte, colocada em um avião para Honduras. Pomerleau classificou o caso como um “show de horrores inconstitucional”.
“Ela foi acorrentada nos pulsos, tornozelos e cintura como se fosse uma criminosa perigosa, e depois deportada sem a oportunidade de uma audiência no tribunal ou mesmo de falar com um advogado”, declarou Pomerleau.
O Histórico e a Posição das Autoridades
Um porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS) afirmou que Any foi detida por ser uma cidadã hondurenha em situação irregular. As autoridades alegam que ela entrou no país em 2014 e que existia uma ordem de remoção contra ela emitida por um juiz de imigração em 2015 — uma decisão tomada quando ela ainda era uma criança de cerca de 9 anos.
A defesa contesta essa narrativa, argumentando que a estudante não tinha antecedentes criminais e desconhecia a ordem antiga. Além disso, o advogado aponta que a lei federal geralmente estipula janelas de tempo específicas para prisões baseadas em ordens de remoção, questionando a validade de uma ação tomada uma década depois.
Reação da Universidade e Futuro Incerto
A comunidade acadêmica do Babson College, onde Any cursa o primeiro ano de Administração com bolsa de estudos, reagiu com choque e solidariedade. A instituição instruiu seu corpo docente a oferecer suporte acadêmico e comunitário à aluna. O advogado de defesa afirmou que está trabalhando com a faculdade para garantir que ela possa realizar seus exames finais remotamente e não perca o semestre.
Atualmente, Any Lucia encontra-se na casa de seus avós em San Pedro Sula, Honduras, uma das cidades mais violentas do mundo e de onde sua família fugiu originalmente buscando segurança.
“Eu tento ser o mais positiva e forte que posso”, disse Any, que agora enfrenta a incerteza de se ou quando poderá rever seus pais e continuar seus estudos nos Estados Unidos. O caso segue sob disputa legal, com a defesa buscando reverter a deportação e trazer a estudante de volta, citando o desrespeito flagrante à ordem judicial que tentou protegê-la.
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Matéria original por Brazilianpress
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