Enquanto equipes de resgate fazem uma varredura rua a rua do que restou da cidade de Lahaina, no Havaí, após a passagem do mais mortal incêndio florestal em 100 anos nos Estados Unidos, familiares esperam aflitos por notícias que nunca chegam sobre familiares desaparecidos, após uma semana da catástrofe.
O governador do Havaí, Josh Green, afirmou que o estado dos corpos encontrados, 106 até o momento, dificulta a identificação das vítimas, das quais apenas 5 foram identificados. Trabalhadores do resgate acham restos mortais irreconhecíveis em meio a escombros e cinzas, e raramente conseguem coletar digitais. “É como uma uma zona de guerra ou o que vimos no 11 de Setembro”, disse.
Investigadores precisam traçar perfis genéticos a partir dos corpos resgatados e torcer para que o material corresponda a alguma informação disponível ou ao DNA fornecido por familiares dos desaparecidos. “Pedimos a todos na área que estejam preocupados que vão ao centro de suporte à família e providenciem material genético para que possamos achar correspondência [com os corpos]”, informou Green. Por enquanto, segundo a administração do condado de Maui, 41 amostras de DNA foram fornecidas no centro.
Das 5 vítimas identificadas, apenas 2 tiveram o nome divulgado. As autoridades anunciarão os nomes restantes depois de comunicar familiares dos mortos. Enquanto isso, as buscas continuam com 185 trabalhadores e pouca clareza sobre quantas pessoas estão ainda desaparecidas. Segundo Green, parte dos restos mortais encontrados estavam em uma rua à beira-mar. “Agora que estamos entrando nas casas, não temos certeza do que vamos ver. Estamos esperançosos e rezando para que os números não sejam grandes”, disse o governador também à rede CNN.
Os times de resgate contam com a ajuda de 20 cães farejadores treinados para discernir o odor de restos mortais humanos do cheiro de corpos de outros animais, entre outros indícios da destruição em Lahaina que são captados pelo olfato apurado. A Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema), afirmou na semana passada que a equipe canina deve aumentar para pelo menos 40 integrantes.
“Devido às condições e destroços após o fogo, os cães têm que navegar pelo calor e por locais em que suas patas caminham sobre vidro e escombros. Eles precisam descansar com frequência, por isso vamos enviar mais cachorros para aumentar a operação”, afirmou Deanne Criswell, diretora da agência.
Dependendo das condições do local investigado, cada cão farejador consegue vasculhar algumas dezenas de casas por dia. Eles também são treinados para que, ao encontrar uma pista, avisem os humanos da equipe em vez de adentrar o espaço, preservando o espaço de busca. O treinamento foi desenvolvido a partir de lições aprendidas em incêndios florestais na Califórnia nos últimos anos, como o ocorrido em 2018 em Paradise, Califórnia, no qual 86 morreram.
“Antigamente, as pessoas costumavam apenas entrar, olhar, usar rastelos e pás, o que dificultava o trabalho forense, porque resultava em restos mortais mais difíceis de identificar. E quando havia vários indivíduos juntos, esses ossos ficavam misturados, tornando o trabalho dos investigadores ainda mais difícil”, diz Mary Cablk, especialista de Nevada que participou de outros treinamentos caninos.
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