A quantidade de brasileiros que solicitaram o green card aos EUA cresceu 48,9% em 2023, o que representa um recorde histórico. De acordo com dados do governo americano, ao todo, foram 10.690 pedidos de visto de residência permanente por parte de cidadãos do Brasil, fazendo com que o país ficasse atrás apenas da Índia (64,7 mil), China (25,7 mil) e Filipinas (14,1 mil).
Em 2023, o Brasil obteve 5.315 aprovações (49,7%) de green cards de trabalho.
Já em 2022, foram 5.455 aprovações para 7.179 pedidos (75,9%). Rodrigo Costa, CEO da Viva América, consultoria especializada em imigração para os EUA, conta que o percentual menor de aprovação em relação ao total de pedidos deve-se à burocracia da imigração americana: “em novembro de 2022, pela primeira vez em muitos anos, o visto EB-2 NIW, que é o mais buscado pelos brasileiros, começou a ter um backlog, ou seja, uma espécie de fila, dado o aumento na procura pelo visto”.
Ainda de acordo com o governo dos EUA, a maioria das petições brasileiras (8.558) são referentes aos vistos EB-1 e EB-2, destinados a profissionais com habilidades acima da média. Costa explica que existe um limite anual de vistos EB que pode ser emitido pelos EUA. “Em 2023, por exemplo, esse limite era de 197 mil vistos EB, menor do que os 281 mil de 2022. Para 2024, a previsão é que sejam emitidos 161 mil, sendo que um único país não pode receber mais do que 7% desse total”, esclarece.
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Quais são as profissões em alta em 2024? “Portanto, quando olhamos para as aprovações brasileiras, o mais indicado é analisá-las a partir do total de vistos EB disponíveis naquele ano”, continua. Assim, foram 5.315 aprovações de brasileiros em 2023 de um total de 197 mil vistos EB disponíveis, em comparação com 5.455 aprovações em 2022 de um total de 280 mil vistos disponíveis naquele ano. “Ou seja, a fatia brasileira do bolo de vistos EB aumentou”, pontua.
No ano passado, 5.315 brasileiros foram aprovados para os vistos EB, destinados a profissionais com habilidades acima da média — Foto: Unsplash
No ano passado, 5.315 brasileiros foram aprovados para os vistos EB, destinados a profissionais com habilidades acima da média — Foto: Unsplash
Segundo ele, as filas de espera para um visto como o EB-2 NIW, que exige nível superior ou comprovação de habilidades excepcionais, são um sinal de fuga de cérebros. “Tivemos um aumento muito grande na formação de mestres, doutores e pós-graduados no Brasil, em razão da ampliação do acesso à educação superior nos últimos 20 anos. Isso fez com que o país formasse uma quantidade inédita de profissionais com alto nível de especialização”, lembra. ”Por outro lado, os EUA têm enfrentado uma forte escassez de trabalhadores, o que, por sua vez, tem levado mais empresas a contratarem estrangeiros para preencher suas vagas”.
Onde estão as oportunidades
O CEO revela que, quando se trata de pessoas com maior nível de qualificação técnica ou acadêmica, os mais buscados são os profissionais de engenharia, TI e da área da saúde. “Há também um volume considerável de analistas financeiros, pesquisadores e professores universitários, principalmente nas áreas de economia, estatística e medicina, além de profissionais seniores de marketing e RH”, acrescenta. Ele diz ainda que, para os próximos anos, devem ser recrutados profissionais que trabalham com IA, microchips e ciências climáticas. “Já há um movimento, inclusive por parte do governo, de facilitar a atração de especialistas nessas áreas”, relata.
Vantagens em ser brasileiro
O especialista afirma que, entre os empresários americanos, o que mais chama a atenção é a dedicação dos profissionais brasileiros. “Eles acabam sendo admirados pela inventividade e adaptabilidade”, pontua. Ao mesmo tempo, especialmente no campo da saúde, os brasileiros se destacam pelo jeito caloroso, revela Costa. “Nossos dentistas, por exemplo, além de terem uma formação de ponta nas faculdades de odontologia do Brasil, tratam os pacientes com mais simpatia e de maneira mais humanizada, fazendo com que as pessoas se sintam mais ouvidas”, conta.
“Já na área de RH, ouvi um comentário de um recrutador dizendo que os profissionais do Brasil, talvez por virem de um país bastante diverso, destacam-se muito nas habilidades de comunicação, em lidar com conflitos e em desenvolver projetos de diversidade e inclusão”, recorda.
Como conseguir o green card
Costa explica que o segredo para obter o green card está em pesquisar e planejar. “Para começar, a pessoa tem que conversar com, no mínimo, dois escritórios de advocacia para entender se ela tem um perfil elegível para o green card”, recomenda. “Estamos falando de um processo que custa em torno de US$ 20 mil e, portanto, esse investimento tem que ser feito de maneira segura e pensada”.
Além disso, ele conta que o profissional precisará ter dinheiro para se manter nos primeiros meses após sua chegada aos EUA para arcar com despesas imediatas, como moradia, automóvel, seguros, taxas governamentais, alimentação, combustível e pequenos imprevistos. “Recomendamos que esse valor seja de aproximadamente US$ 30 mil”, sugere.
O especialista também adverte que a pessoa deve se planejar do ponto de vista burocrático, fazendo, por exemplo, a comunicação de saída do Brasil para a Receita Federal, para evitar bitributação. “Muita gente esquece desse processo”, revela. Por fim, Costa esclarece que, quando o green card finalmente é emitido, o estrangeiro tem um prazo que varia de seis meses a um ano para se mudar para os EUA, caso contrário, o benefício é suspenso. Portanto, é preciso se planejar com antecedência para sair do emprego, resolver pendências familiares, entre outras questões. “Como residente permanente, a pessoa não pode passar mais tempo no exterior do que nos EUA. Se isso acontecer, ela poderá ter o green card revogado
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