Os banqueiros centrais não podem extrair petróleo, cultivar mais colheitas ou reparar as cadeias de suprimentos globais. Isso significa que a única solução rápida disponível para o presidente do Federal Reserve Jerome Powell e seus colegas para esfriar a inflação mais alta em quatro décadas pode ser aumentar tanto as taxas de juros que levarão a economia à recessão.
Esse cenário é a preocupação de alguns economistas que o veem como a única maneira de o Fed reprimir a demanda o suficiente para compensar as forças do lado da oferta que impulsionam a inflação, sobre as quais os bancos centrais não têm controle.
Essa é uma perspectiva dura para os muitos milhares de americanos que podem perder seus empregos ou não conseguir encontrar trabalho como parte do cálculo de Powell para reequilibrar oferta e demanda.
“O fenômeno pelo qual estamos passando é global”, disse William Spriggs, professor da Howard University e economista-chefe da Federação Americana do Trabalho e do Congresso de Organizações Industriais. “É causado pelo fato de a cadeia de suprimentos global estar totalmente desmantelada e desordenada, e nada que ele faça pode resolver isso.”
Até o final de 2021 – com base na análise das medidas fiscais dos EUA em relação a outros países – entre um terço e metade da inflação acima da meta de 2% do Fed podia ser atribuída à demanda, de acordo com Anna Wong, economista-chefe para EUA da Bloomberg Economics. Desde então, com a invasão da Ucrânia pela Rússia e os lockdowns na China, o equilíbrio das pressões inflacionárias pendeu ainda mais para o lado da oferta.
Para piorar a situação, alguns dos preços mais afetados – como os de alimentos e gasolina – são aqueles cuja demanda é mais “inelástica”, porque são essenciais. Isso significa que o banco central teria que induzir declínios extraordinários na atividade econômica para começar a ter impacto sobre eles.
Powell captou a visão estreita do Fed sobre a situação em 17 de maio, quando explicou que “não é hora de leituras tremendamente finas da inflação”.
Isso marca uma reviravolta completa em relação a um ano atrás, quando as autoridades frequentemente apontavam razões específicas – de natureza “transitória” – para altas de certos preços ao justificarem manter juros próximos de zero.
Também vai contra a noção de longa data na economia de que os bancos centrais devem “olhar além” dos choques de oferta porque seus efeitos sobre a inflação são temporários e a política monetária não tem ferramentas para lidar com eles.
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