Da Redação (O Globo) – Os três acusados de agenciar o tráfico de pelo menos 253 brasileiros que queriam cruzar de forma irregular a fronteira do México com os EUA foram alvos de uma operação da Polícia Federal em junho deste ano. A operação ‘Relicta Mori’ consistiu em executar dois mandados de prisão preventiva e outros quatro de busca e apreensão. Relógios e dinheiro em espécie, além de imóveis e veículos, estão entre os bens apreendidos na ocasião, em Governador Valadares (MG).
O bloqueio de criptomoedas também estava na mira da PF. No entanto, a expectativa não se cumpriu e os ativos não foram localizados, segundo fontes da Polícia Federal.
O grupo responsável por organizar o tráfico de pessoas era composto de Erlon Gomes da Silva, Evânio Paraíso Peres e David Gonçalves dos Santos.
Evânio não foi preso na operação por residir no México.
Segundo relatório da PF, Erlon da Silva era o operador do esquema, responsável por comprar passagens, receber os valores ilícitos, agenciar as viagens e planejar a imigração ilegal. Estando no México, Evânio, por sua vez, ocupava-se da logística da travessia dos brasileiros. Já David dos Santos era quem aliciava os interessados na mudança para os EUA.
Em uma das fotos obtidas pela PF ao longo das investigações, David posa com maços de dinheiro, que incluem notas de reais e euros.
Os três foram indiciados por homicídio culposo no caso da morte de Ayron Henrickson Fernandes Gonçalves, de 21 anos, abandonado por ‘coiotes‘ na fronteira com os EUA. A tese, no entanto, não foi acolhida pelo Ministério Público Federal que na sua denúncia, apresentada à Justiça em julho, enquadrou o trio apenas nos crimes de promoção da migração ilegal e envio ilegal de menores para fora do país.
US$ 14 mil
Ayron Gonçalves foi uma das vítimas do trio de acusados. Ele pagou US$ 14 mil pela travessia ilegal pela fronteira do México com os EUA, mas nunca chegou ao destino final.
De acordo com a denúncia, “no momento da travessia terrestre entre México e EUA, Ayron se sentiu mal e foi abandonado à própria sorte pelos atravessadores, falecendo tragicamente em razão de insuficiência respiratória aguda causado por um edema pulmonar”.
A família de Ayron procurou a PF depois que ficou sem notícias do jovem. Os investigadores então conseguiram, na Justiça, a quebra do sigilo telefônico dos envolvidos. E as interceptações telefônicas e telemáticas dos suspeitos revelou o envolvimento deles com uma série de casos de tráfico de pessoas e detalhes sobre a morte de Ayron.
Em uma das conversas gravadas, Erlon afirma que “o coiote chegou lá e mandou eles correrem lá… Pra subir o morro lá e que o Ayron disparou na frente. Quando chegou lá na frente lá o Ayron passou mal”.
O acusado, no entanto, negava para a família da vítima que o jovem havia morrido, apesar de que “já tinha ciência da morte do imigrante”, segundo aponta o MPF. Erlon afirmava aos pais de Ayron que o imigrante havia sido preso pelas autoridades americanas.
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