O professor de Anatomia da Escola Superior de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Helder Bindá Pimenta, de 37 anos, é investigado pela Polícia Federal suspeito de ter enviado por correio ilegalmente a Singapura órgãos humanos plastinados, com destino a um famoso designer de moda indonésio. Segundo os investigadores da PF, há indícios de que o docente postou uma encomenda contendo uma mão e três placentas. O pacote teria saído de Manaus rumo ao país asiático.
Nesta terça-feira (22), os agentes federais fizeram uma ação, denominada de Operação Plastina, onde cumpriram dois mandados de busca e apreensão expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Amazonas: um na casa de Helder, e outro no laboratório onde ele trabalha, na UEA. Se condenado, o professor poderá responder pelo crime de tráfico internacional de órgãos humanos, com pena de até 8 anos de reclusão.
Além das buscas, a Justiça também determinou o afastamento do professor de suas funções públicas, o que foi cumprido pela Universidade. Em documento assinado no início da noite desta terça, o reitor da UEA, Cleinaldo de Almeida Costa, ordenou o afastamento de Helder Pimenta por 30 dias, que podem ser prorrogados, assim como a proibição de acesso a qualquer dependência da faculdade. Seu salário, no entanto, segue preservado, segundo o ofício.
Além disso, o reitor ordenou ainda a instauração de uma sindicância interna para apurar a conduta do professor, e nomeu quatro professores para uma Comissão que deverá apresentar os resultados das investigações num prazo de um mês. São eles Patrícia Fortes Attademo Ferreira, professora da Escola de Direito da UEA, que será a presidente do grupo, e os membros Tiago Novaes Pinheiro e Antonio Eduardo Martinez Palhares, professores colegas de Helder Bindá Pimenta na Escola Superior de Ciências da Saúde, além do secretário Wandrey Cristiano de Jesus Vieira, técnico vinculado à Procuradoria Jurídica da Universidade.
A Polícia Federal explicou que a plastinação é um procedimento técnico e moderno de preservação de matéria biológica, que consiste basicamente em extrair os líquidos corporais (água e soluções fixadoras) e os lipídios, através de métodos químicos, substituindo-os por resinas plásticas, como silicone, poliéster e epóxi, resultando em tecidos secos, inodoros e duráveis.
A UEA acrescentou que o laboratório onde foram feitas busca e apreensão, realiza a técnica de plastinação desde 2017, e que trata-se de um procedimento técnico de preservação de matéria biológica, criado pelo cientista Gunther Von Hagens em 1977.
“Após tomar conhecimento do Ofício que determinou o afastamento cautelar do professor investigado e da ação de busca e apreensão no laboratório supracitado, a Reitoria da Universidade do Estado do Amazonas cumpriu a ordem judicial e determinou a abertura de sindicância para a apuração dos fatos e responsabilidades”, diz a UEA em nota.
A reportagem tentou contato com o professor Helder Bindá Pimenta, mas não obteve retorno até a publicação deste conteúdo.
A suspeita é de que o receptor dos órgãos seria o designer de moda indonésio Arnold Putra, de 27 anos. Ele ficou conhecido mundialmente há alguns anos quando surgiu exibindo e comercializando por cerca de US$ 5 mil uma controversa bolsa feita com espinha humana. Ele justificou que o material era oriundo de “excedentes médicos” do Canadá. Além da questão ética, o estilista passou a ser bombardeado nas redes sociais com questionamentos sobre a origem do material e o fato de o osso parecer ser de uma criança; num post, ele chegou a explicar que a bolsa havia sido feita com restos humanos plastinados, mesma técnica utilizada nas partes enviadas de Manaus a Singapura.
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