O presidente dos EUA, Joe Biden, está sob pressão, inclusive dentro do seu partido, para eliminar a norma sanitária que permite que imigrantes sejam expulsos sob o pretexto da pandemia, agora que os casos de Covid-19 despencaram.
No fim da semana passada, o Centros para o Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) decidiu que a norma sanitária conhecida como Título 42, que permite a expulsão de imigrantes, deixe de ser aplicada a menores desacompanhados, mas continue em vigor para adultos e famílias.
Em fevereiro, autoridades migratórias americanas interceptaram 164.973 pessoas que cruzaram a fronteira terrestre entre os Estados Unidos e o México, um aumento de 7% em relação a janeiro, revelou nesta terça-feira o Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos Estados Unidos. Desses, 91.513, ou 55%, eram elegíveis para serem expulsos pelo Título 42.
Quatro democratas proeminentes declararam-se decepcionados com a decisão do governo de manter o Título 42. Chuck Schumer, líder da maioria democrata no Senado, e Bob Menéndez, presidente da Comissão de Relações Exteriores da câmara alta, assim como os senadores Cory Booker e Alex Padilla, descreveram no último sábado como “um erro que famílias continuem sendo expulsas com filhos menores para lugares onde possam sofrer perseguição e tortura. É desconcertante que a agência (CDC) continue recomendando o uso generalizado dessa política draconiana na fronteira, contrariando os sinais contundentes de recuperação da pandemia”.
Joe Biden defende uma política migratória “mais humana” e um caminho para a cidadania para milhões de imigrantes. Em seu discurso ao Congresso no começo do mês, ele voltou a pedir a aprovação da reforma migratória, mas sua relutância a levantar o Título 42 pode se dever a vários fatores.
“Os cruzamentos fronteiriços são um tema político importante para a base republicana e, portanto, para os políticos republicanos”, a poucos meses das eleições da metade de mandato, em novembro, nas quais, segundo pesquisas, o presidente democrata pode perder o controle do Congresso, explicou Jessica Bolter, analista do Migration Policy Institute (MPI).
“Quando o governo levantar o Título 42, é muito provável que aumentem os cruzamentos fronteiriços, pelo menos temporariamente”, acrescentou Jessica. O governo “pode estar hesitante em dar aos republicanos mais munição política”, quando já é criticado nessa frente e sabe que é “muito provável que os estados liderados por republicanos contestem a rescisão” dessa norma nos tribunais, como fizeram com outras mudanças introduzidas pelo governo, destacou a especialista desse centro de estudos americano.
Jessica considera outra hipótese: a de que Biden queira estabelecer uma nova estratégia fronteiriça antes de suprimir a atual. “É provável que o governo queira implementar uma estrutura alternativa de gerenciamento de fronteiras, para mostrar que mantém o controle”.
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