O menino que ajudou a polícia americana a prender uma criminosa após os pais caírem no golpe do iPhone falso aprendeu inglês sozinho, em casa, assistindo a filmes e séries de TV e também em jogos on-line.
Henzo Lopes, de 11 anos, e os pais identificaram a suspeita que vendeu o telefone e a perseguiram pelas ruas de Boston, em Massachusetts, nos Estados Unidos. O garoto teve papel importante porque foi ele quem fez a tradução de toda a história para a polícia, evitando até que os pais fossem presos.
Mãe de Henzo, Hiara Lopes, de 28 anos, disse que a família está nos Estados Unidos há cerca de seis meses. Atualmente, a brasileira trabalha na área da limpeza e o marido, Gleydson Cunha, de 36 anos, atua como pintor. Quando moravam em Vila Velha, no Espírito Santo, Henzo estudava em uma escola particular da Grande Vitória e a família chegou até a matricular o garoto em um curso de inglês, segundo a mãe. “Ele fez apenas duas aulas durante um mês no curso. Ele não quis ir mais porque disse que já sabia o que estava sendo ensinado”, explicou a mãe. A mãe contou que descobriu a fluência do filho em outro idioma quando, durante uma viagem, o garoto começou a conversar com outras pessoas em inglês. Isso quando Henzo tinha apenas 7 anos de idade.
“A gente se assustou. Henzo até disse ‘mamãe, eu sempre te disse que sabia’. Ele, literalmente, aprendeu inglês sozinho por meio de filmes, séries de TV e de jogos no computador” , explicou Hiara. A brasileira contou ao g1 que a família foi morar em Massachusetts, com o objetivo de juntar dinheiro de forma mais rápida. “A gente também decidiu dar um ênfase maior nos estudos do Henzo, mas amamos o Brasil, principalmente o Espírito Santo. Logo vamos voltar”, explicou.
Como a família descobriu que era um iPhone falso?
Em entrevista ao g1, Hiara explicou que o casal já havia feito outras compras on-line naquele país, inclusive os carros que os dois têm foram adquiridos da mesma maneira. “Aqui é muito comum as pessoas comprarem no marketplace. A gente não pesquisou nada sobre o vendedor porque, como lançou o iPhone15, as pessoas estavam se desfazendo do 14 para comprar o lançamento. Então, a gente não tinha nenhuma referência”, explicou. Hiara contou ainda que o marido dela tentou até pechinchar com a vendedora durante a compra on-line, que baixou o preço de US$ 540 para US$ 520. “Quando Gleydson encontrou o casal no centro comercial, o celular era idêntico. Tudo igual, como a caixinha, os acessórios. Quando ele chegou em casa, Henzo ficou todo alegre. A gente ainda não sabia que era falso”, comentou Hiara.
Hiara disse que achou que o aparelho só seria configurado no dia seguinte à aquisição. Isso porque a configuração do aparelho com sistema iOS nos EUA passou a ser realizado apenas pelas operadoras telefônicas. No entanto, logo em seguida, Henzo disse que havia uma entrada para chip no aparelho. “Quando a gente ligou o aparelho, ainda parecia tudo igual. Quando eu fui entrar no aplicativo de compras, não era o App Store do sistema iOS, mas sim o playstore, disponível apenas em aparelhos androids”, enfatizou a brasileira. Foi após ter certeza de que o aparelho era falso, que Gleydson decidiu fazer o Boletim de Ocorrência na delegacia e levou o filho para fazer a tradução aos policiais.
Perseguição policial
Segundo a brasileira, quando o marido e o filho estavam chegando a delegacia, Gleydson viu o carro do casal que aplicou o golpe sendo dirigido pela mulher que fez a negociação. “No impulso, ele (Gleydson), que estava de carro, foi atrás da mulher. Ela tentou fugir, fechou o veículo dele no trânsito, mas logo a polícia americana parou os dois. A mulher era uma americana, que disse que estava fugindo de Gleydson porque ele tinha apontado uma arma para a cabeça dela”, explicou a mãe. Durante a perseguição aos criminosos e também na abordagem da polícia, o garoto mostrou tranquilidade e ajudou os policiais a entenderem o que realmente estava acontecendo. “Foi o Henzo que explicou aos policiais que o pai nem arma tinha”, comentou a mãe.
Segundo Hiara, a mulher foi presa e o carro dela, guinchado. Além disso, pai e filho também foram direcionados para a delegacia para prestarem depoimento no local. “Nós chegamos na delegacia e logo fomos prestar esclarecimentos para o xerife, que tratou a gente muito bem. Quem fez a tradução de tudo que tinha acontecido foi o Henzo. Os policiais ficaram encantados porque, apesar da adrenalina que ele tinha passado com o pai, ele mantinha a calma e traduzia do inglês para o português para a gente e também do inglês para o português para eles. Ou seja, os policiais não precisaram de um intérprete”, destacou a mãe.
Convite para novos esclarecimentos na delegacia
O telefone de Hiara tocou no dia 15 de fevereiro. De acordo com a brasileira, a ligação era da delegacia onde dias antes eles registraram a ocorrência. Na ligação, o pedido do policial era para que a família voltasse à unidade no dia 22 de fevereiro, às 16h30, para prestar mais esclarecimentos. “Quando a gente chegou lá, eles receberam a gente na recepção, bem sérios e levaram a gente para a sala onde fizemos o primeiro depoimento. Aí chegou o xerife, com uma pastinha, e uma moça. Eles fizeram umas perguntas em inglês e a gente não entendeu. Aí eles perguntaram diretamente para o Henzo o que ele tinha esquecido na delegacia. Henzo disse que nada e ficou até um pouco assustado”, contou a mãe.
Logo em seguida, de acordo com a mãe, o xerife pediu para o menino levantar e pegar algo que estava na prateleira de uma estante. “Era um iPhone 15 novo. Foi aí que começamos a perceber o que estava acontecendo. O xerife também deu uma carta escrita a mão para o Henzo e, neste momento, os policiais entraram com outros presentes, como um Playstantion 5, um óculos de realidade virtual, um controle extra, um fone de ouvido e US$750 de gift card”, contou a mãe emocionada. O momento da entrega dos presentes foi registrado pela mãe (assista acima). Nas imagens, o xerife diz que Henzo é uma boa pessoa e pede para ele manter boas notas na escola e continuar cuidando dos pais. O policial também faz um convite: “Venha visitar a gente quando você quiser”, diz o xerife. “Eu virei”, responde o garoto. Em outro momento das imagens registradas pela mãe, o policial brinca com o menino e pede desculpas por não ser um iPhone 14 – que era o modelo que ele receberia dos pais. O menino, ainda sem parecer acreditar no que estava acontecendo, responde: “Isso é demais! Isso é muito pra mim. Eu não sei se alguma vez eu já recebi tanto. Não sei se nem no Brasil eu já recebi alguma coisa próximo a isso. Muito obrigado. Meu pai e minha mãe disseram que não têm palavras para agradecer”, comentou.
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