Um brasileiro vendeu a Jeff Bezos, fundador da Amazon, mansão de US$ 79 milhões numa ilha privativa de Miami conhecida como “bunker de bilionários”.
O terceiro homem mais rico do mundo pagou US$ 79 milhões pelo imóvel de sete quartos e 1,7 mil metros quadrados em Indian Creek Village, ilha artificial na área da Baía Biscayne, ao norte de Miami Beach. O complexo reúne 30 mansões, clube de golfe e country clube, sendo considerado uma das maiores concentrações de riqueza dos EUA. Entre os proprietários estão Tom Brady (ex-marido de Gisele Bündchen), Ivanka Trump, o especulador financeiro Carl Icahn e o cantor Julio Iglesias.
Jeff Bezos, que já havia comprado a mansão vizinha por US$ 68 milhões em junho, segundo a Bloomberg, comprou o imóvel de uma empresa registrada como Indian Creek #1 LLC. Ela havia adquirido o imóvel em 2014 por US$ 24 milhões. A repórter Katherine Kallergis, do site especializado The Real Deal, revelou que por trás da companhia está o brasileiro Leo Kryss.
A coluna teve acesso a documento de 2020, referente a uma hipoteca, que comprova que Kryss assina em nome da Indian Creek #1 LLC. Esquecido pelo noticiário nos últimos anos, Leo Kryss já foi um dos operadores mais temidos do mercado financeiro brasileiro – e ainda é considerado hoje, aos 75 anos, uma “lenda viva” em nichos de investidores da nova geração.
Kryss nasceu na Alemanha, mas, desde o fim dos anos 1950, vive no Brasil, onde o pai fundou a fabricante de eletrônicos Evadin. A companhia, assumida por Kryss na década de 1970 após a morte do patriarca, foi uma das primeiras a se instalar na Zona Franca de Manaus. A companhia montava, por exemplo, os televisores da marca Mitsubishi e os celulares da Motorola. O empresário chegou a ser premiado como o “Homem do Ano” pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em 1996, ano em que a Evadin faturava US$ 1 bilhão, segundo reportagem do Estado de S. Paulo publicada anos atrás.
Kryss também se tornaria um dos principais sócios da fabricante de videogames TecToy, e, além do negócio de eletrônicos, controlava a holding financeira Tendência, que incluía gestora e banco. Nessa posição, Kryss se tornou um dos maiores especuladores da Bolsa brasileira nos anos 1980, travando duelo com o rival Naji Nahas.
Hoje discreto, Kryss se envolveu em controvérsias diversas ao longo de sua trajetória. Além das quedas de braço na Bolsa, ele travou uma guerra judicial com a parceira Mitsubishi e foi acusado pelo dono da rede de lojas Arapuã de empurrá-la para a falência. Em 2012, o nome de Kryss reapareceu no noticiário quando operação da Polícia Federal apreendeu jatinhos de banqueiros por suposta sonegação de impostos.
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