Marcus Martin Grubert, marido da cantora gospel Heloísa Rosa, foi preso na terça-feira (21) pela polícia da Flórida, nos Estados Unidos, suspeito de ter abusado de uma menina de 5 anos, filha de uma assessora de Heloísa, em 2023. Nesta quinta (23), Quem conversou com a advogada Anna Alves-Lazaro, fundadora da Hope & Justice Foundation, que está auxiliando a família da vítima, para ter mais detalhes sobre o caso.
Além de contar que a Justiça norte-americana negou um pedido de fiança para que o acusado aguarde o julgamento em liberdade, Anna disse que a cantora gospel pode responder por crime de omissão, já que teria tomado conhecimento do suposto abuso e não denunciou, além de se negar a cooperar com a polícia na investigação. O suposto abuso teria acontecido durante uma estada da criança, por uma noite, na casa em que o casal morava. O caso vinha sendo mantido sob sigilo pela Justiça norte-americana, mas o perfil da Fundação Hope & Justice — que se dedica a casos relacionados a abuso sexual infantil, violência doméstica e tráfico humano no país — divulgou a história no Instagram.
“Há um ano, a Hope & Justice Foundation vem lutando ao lado da família da vítima para garantir que a justiça fosse feita neste caso. O apoio emocional, psicológico e jurídico prestado desde que a fundação foi acionada foi fundamental para o desfecho do inquérito policial que agora se encerra”, dizia a publicação da fundação.
Proteção e suporte à vítima
Segundo a advogada, desde o início, a Hope & Justice Foundation está ao lado da família da vítima. “Foi a fundação que ajudou a vítima a fazer a denúncia à polícia. Nosso trabalho é esse. Trabalhamos em parceria com as autoridades policiais e autoridades do governo”, explica Anna a Quem. Ativista contra o tráfico humano, violência doméstica e abuso e exploração sexual infantil, Anna explica que a fundação conta com um departamento de assistência legal com uma equipe multidisciplinar a fim de dar todo suporte à vítima.
“Temos profissionais da área do direito, sejam advogados nos EUA ou no Brasil, além de psicólogos, conselheiros e outros profissionais que dão assistência à vítima. Desde o início, ajudamos a vítima a fazer a denúncia e cuidamos do andamento do inquérito, sempre em contato com a polícia, e com os detetives”, conta.
Entraves burocráticos
De acordo com Anna, a demora para a prisão do acusado se deu por conta da troca de detetives no caso. “O caso foi trabalhado por 3 detetives. A primeira detetive fez um trabalho incrível, mas estava grávida, entrou de licença-maternidade, depois entrou um segundo detetive, tivemos contato com ele, mas ele passou um período no caso e foi transferido para outro”, relata.
Finalmente, entrou uma terceira detetive, segundo a especialista. “Essa é uma das razões da demora do caso, questões burocráticas normais, que acontecem. Acompanhamos o caso e trouxemos outra advogada para a parte cível, que é uma conselheira da fundação, uma parceira nossa. Ela ficará com a questão indenizatória em um outro momento, quando concluir a fase criminal do processo”, afirma.
“A fundação tem toda essa infraestrutura para suportar, apoiar e dar todos os recursos possíveis para que a vítima possa atravessar esse momento de pesadelo tão tenebroso com segurança, orientação e equilíbrio emocional. Esse é nosso papel nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Atuamos aqui, mas também no Brasil e na Europa através da nossa rede de apoio”, conta.
Provas irrefutáveis
A advogada conta que a Justiça da Flórida negou um pedido de fiança para que o acusado aguarde o julgamento em liberdade. “Ele foi preso pelo crime de estupro de vulnerável com agravante de ter sido menor de 12 anos. Por isso, ele se enquadra como crime capital, que, de acordo com a legislação da Flórida, tem a pena mínima é de 25 anos de prisão e a máxima de pena de morte ou prisão perpétua”, esclarece.
A especialista explica por que a Justiça negou o pedido de fiança do advogado do acusado. “Negou porque realmente as provas são irrefutáveis. O inquérito policial foi feito com maestria, e damos todos os méritos à polícia de Kissimmee. Provavelmente, ele ficará preso durante o julgamento, mas, a partir da data da prisão, a Justiça tem até 175 dias para fazer a primeira audiência. E aí começa o processo de julgamento dele”, explica.
Na primeira audiência, o advogado da parte acusada pode, ainda, tentar mais uma fiança. “Mas acho improvável que o juiz conceda dado o risco que o acusado oferece à comunidade como um abusador”, avalia. Segundo Anna, a família da vítima acredita na Justiça. “Eles estão muito abalados, mas confiantes que a Justiça será seguida de forma correta e plena. Essa é a fé que nós temos e a família também”, conta.
Crime por omissão
Questionada se Heloísa pode ser investigada também — uma vez que a vítima passou a noite na casa do casal –, Anna afirma que sim. “Ela sabe que o marido cometeu esse crime e, ainda assim, pôs em risco a integridade dos próprios filhos, porque ele é costumaz. Sabemos disso e isso será provado ao longo do julgamento”, conta.
“A Heloísa, em detrimento dos interesses e da proteção dos filhos, permaneceu com ele, inclusive expondo os próprios filhos a essa situação. Além do mais, ela sabia que ele tinha essa conduta e, ainda assim, convidou uma criança para dormir na casa dela. Certamente, ela será responsabilizada. As crianças precisam de proteção, porque realmente estão expostas a uma mãe que passou por cima dos interesses dos filhos para proteger um criminoso”, afirma.
“Ela pode responder por crime de omissão ao tomar conhecimento do suposto abuso e não denunciar, além de se negar a cooperar com a polícia na investigação. Ela tem o dever de garantir a proteção das crianças, filhos dela e da que estava sob a custódia dela. Os interesses dos menores devem prevalecer acima de qualquer outro”, conclui. Quem entrou em contato com a equipe de Heloísa Rosa, mas não obteve resposta até a publicação. O espaço permanece aberto e será atualizado caso a cantora gospel se manifeste.
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