A batalha contra a inflação nos Estados Unidos pode estar longe de acabar. É o que Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, uma das maiores e mais antigas instituições financeiras do mundo, alertou recentemente. Mesmo com os sinais recentes de alívio nas pressões sobre os preços, Dimon destacou que há vários fatores que ainda podem manter a inflação em níveis elevados.
Dimon explicou que, embora haja algum progresso na redução da inflação, ainda enfrentamos grandes desafios: “Há grandes déficits fiscais, necessidades de infraestrutura, reestruturação do comércio e remilitarização do mundo,” disse. “Portanto, a inflação e as taxas de juros podem permanecer mais altas do que o mercado espera.” Essas palavras sublinham a complexidade da situação econômica atual e sugerem que a estabilidade pode demorar mais do que o previsto .
Os comentários do CEO vieram após a divulgação de dados que mostraram uma queda de 0,1% na taxa mensal de inflação em junho, marcando a primeira queda em mais de quatro anos. O índice de preços ao consumidor registrou uma taxa anual de 3%, o menor nível em mais de três anos .
No entanto, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), expressou preocupações sobre os riscos de manter as taxas de juros muito altas por um período prolongado, sugerindo que reduções nas taxas podem estar no horizonte se a inflação continuar a diminuir. “Manter as taxas de juros elevadas por muito tempo pode ameaçar o crescimento econômico,” disse Powell, destacando a delicada balança que o Fed precisa manter.
O Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), anunciado pelo Fed, caiu de um pico de 7,1% de crescimento anual em junho de 2022 para 2,5% em junho de 2024. A inflação do núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, também estava em 2,5% em junho.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que pesa mais os custos de energia, registrou um crescimento anual de 3,0% em junho de 2024, ainda acima da inflação do PCE devido ao maior peso na habitação .
O Déficit e as perspectivas
Dimon e outros economistas têm alertado sobre o crescente déficit e dívida dos EUA. Até julho do ano fiscal de 2024, os Estados Unidos gastaram $855 bilhões a mais do que arrecadaram, um número alarmante comparado ao déficit de $1,7 trilhões em 2023. Esse cenário fiscal adverso pode adicionar mais pressão inflacionária, complicando ainda mais a tarefa de estabilizar a economia.
Especialistas preveem que a inflação retornará a níveis normais na segunda metade de 2024, mesmo com o crescimento real do PIB se mantendo positivo. Esse cenário, conhecido como “pouso suave,” contraria as previsões mais pessimistas que esperavam uma recessão profunda para controlar a inflação. Ao longo do último ano, a inflação caiu cerca de 300 pontos base, enquanto o crescimento real do PIB acelerou, desafiando as previsões de estagnação econômica.
Contudo, a resiliência do crescimento econômico diante das agressivas elevações das taxas de juros pelo Fed surpreendeu muitos analistas. Isso aumentou a probabilidade de um cenário de “superaquecimento,” onde a economia cresce rapidamente e a inflação permanece na faixa de 3% a 4%. Ainda assim, espera-se que os aumentos das taxas de juros executados até agora eventualmente desacelerem o crescimento do PIB o suficiente para que a inflação caia para 2%, evitando uma recessão direta.
O cenário econômico nos EUA permanece incerto, com forças inflacionárias persistentes e um equilíbrio delicado entre crescimento e controle de preços. Agora a atenção se volta para o Fed e suas próximas decisões, que serão cruciais para determinar o rumo da economia americana nos próximos meses.
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