Cerca de 56.881 brasileiros cruzaram ilegalmente a fronteira Sul dos Estados Unidos no ano fiscal de 2021. Os dados do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteira (CBP, na sigla em inglês) referem-se ao ano fiscal, que começa em outubro do ano anterior e termina em setembro do ano corrente. E em um período de dois anos, a Polícia Federal identificou mais de 400 passaportes expedidos por um mesmo escritório de contabilidade em Mantenópolis, no Noroeste do Espírito Santo. A polícia acredita, no entanto, que este número pode ser muito maior.
Segundo o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, os altos índices de pessoas que procuram os ‘coiotes’ no Espírito Santo chamaram atenção e apontaram um esquema de emissão de passaportes em massa em Mantenópolis. Após investigações, a Polícia Federal, nas duas últimas semanas, realizou operações junto com a Interpol em busca de quadrilhas que fazem da imigração ilegal um negócio em Minas Gerais e Espírito Santo.
Ainda de acordo com o superintendente, para fugir da fiscalização, os bandidos mudaram de estratégia e agora estão criando famílias de mentira para facilitar a entrada clandestina de imigrantes nos Estados Unidos. Uma vez que a regulamentação norte americana aponta que famílias com mulheres grávidas ou acompanhadas de menores de idade, que tentem entrar ilegalmente no país norte americano, respondam pelo processo de deportação em liberdade no território do país americano.
De posse da informação de que, para famílias, o procedimento legal nos Estados Unidos para deportação é um pouco mais complicado, o que, a princípio, daria a eles uma oportunidade de permanecer em solo americano, os coiotes criam famílias falsas. Ricas detalha que eles emprestam crianças para pessoas que, na verdade, não são os verdadeiros genitores, falsificam a documentação e fazem com que essas pessoas viajem juntas e ingressem em território americano como uma verdadeira família.
Em setembro, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão em uma casa no município de Fundão, em uma operação que também investigava o contrabando de migrantes para os Estados Unidos. Na casa foram encontradas 10 pessoas, entre elas, sete adultos e três crianças. Também foram encontrados no local documentos e passagens aéreas. Duas pessoas estavam sendo investigadas pelo envolvimento na promoção de migração ilegal para os Estados Unidos. Uma delas, inclusive, já foi indiciada e presa pelo mesmo crime em investigações realizadas pelo Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Contrabando de Migrantes da Polícia Federal de Minas Gerais.
Mas o superintendente destaca os perigos de tentar cruzar a fronteira de forma ilegal. “Na operação que aconteceu em Fundão, encontramos as pessoas em condições precárias. Depois que essas pessoas chegam no México são submetidas a condições subumanas. Ficam reféns dos coiotes e dos cartéis de tráfico. Todos os tipos de maus-tratos. Mulheres são estupradas, crianças são vendidas e alugadas e até falta de alimentação. É uma situação bem dramática”, alerta Ricas.
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