O chip, que é posicionado atrás da retina, representa um marco na medicina ocular. Em suas próprias palavras, sheila compartilhou a experiência pré-implante: “era como ter dois discos escuros nos meus olhos, e a visão estava distorcida. Sempre fui uma leitora apaixonada, e ansiava por recuperar isso. Ver letras novamente é como uma nova perspectiva; foi emocionante ao perceber que poderia ler, embora aprender a fazê-lo novamente exija prática e dedicação”, comentou.
Com 15 anos de luta contra atrofia geográfica, uma forma avançada da DMRI seca, Sheila perdeu a visão central e ficou restrita a um campo visual periférico muito limitado. A DMRI é uma condição que afeta a mácula,parte crucial da retina,e cerca de cinco milhões de pessoas no mundo são diagnosticadas com essa doença,que pode levar à perda total da visão. estima-se que uma em cada quatro pessoas legalmente cegas no Reino Unido tenha DMRI.
Os dados publicados na respeitável revista New England Journal of Medicine revelam que 84% dos participantes do estudo conseguiram ler letras,números e palavras com o uso do dispositivo chamado Prima. Antes do implante, muitos deles não conseguiam ver gráfico algum, um dado alarmante sobre a gravidade da visão comprometida.
No Hospital Oftalmológico Moorfields, em Londres, Sheila foi submetida a um procedimento de duas horas, onde um chip diminuto – com dimensões de 2 mm x 2 mm – foi inserido após a remoção do vítreo de seu olho.Esse chip, que tem a espessura de um cabelo humano, agora se torna parte fundamental de sua nova capacidade visual.
Após o procedimento,Sheila utiliza óculos de realidade aumentada equipados com uma câmera. Esse dispositivo fornece imagens que são enviadas a um pequeno computador que ela carrega, permitindo que ela amplifique o texto que deseja visualizar.
O funcionamento da tecnologia
O sistema de visão biônica de Sheila envolve óculos de realidade aumentada que capturam imagens através de uma câmera e as conectam a um computador que está preso à sua cintura. Esse computador processa as informações que chegam em forma de sinal elétrico que estimula o nervo óptico, traduzindo-as em experiências visuais. As imagens são projetadas através do chip, que interage com a tecnologia para restaurar uma forma de visão a pacientes como Sheila.
Início de uma nova era
Essa inovação é descrita como o início de uma nova era na visão artificial, proporcionando esperança a cerca de 700 mil britânicos sob risco devido à DMRI. O primeiro teste global consistiu em 38 pacientes localizados em 17 centros de cinco países, incluindo Reino Unido, França, Itália e Países Baixos.
Para Mahi muqit, consultor sênior da Moorfields, a importância desse desenvolvimento não pode ser subestimada: “Na história das tecnologias de visão artificial, isso marca um progresso sem precedentes.Pacientes que antes se viam completamente cegos agora estão experimentando melhorias significativas em sua visão central.” Ele menciona também que espera um dia trazer essa tecnologia acessível ao Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS).
A recuperação de qualidade de vida
“Tenho muitos pacientes com cegueira. Eles frequentemente perguntam se algo pode restaurar sua visão, e a resposta foi sempre negativa até agora. Hoje, vários deles estão lendo livros e aprimorando sua qualidade de vida. Alguns já estão resolvendo palavras cruzadas, atividades que sempre amaram”, acrescentou o especialista.
