A tecnologia também está sendo usada para tentar solucionar um crime que aconteceu há 20 anos, em Boston (Massachusetts). A investigação, agora, chegou ao Brasil. E um padre do interior de Goiás pode ajudar a resolver esse mistério.
A história de como o padre Murah, vive em Cumari, foi parar no meio dessa investigação criminal a mais de 7 mil km começou em 2005, quando Eric Speller foi contratado para ser o zelador de um prédio, em Dorchester, na grande Boston.
“Logo que eu comecei a trabalhar aqui, eu percebi que precisávamos limpar a chaminé. E aí contratei uma empresa para fazer o serviço. Quando abriram o acesso à chaminé, uma mão caiu para fora”, conta o zelador.
Naquela manhã o policial Paul Donovan estava em outra ocorrência quando foi chamado pra ir ao local: “Pensei que fossem ossos de animais. Acontece o tempo todo, nos chamam porque encontram ossos, quase nunca são humanos. Mas nesse caso era um esqueleto humano, de um corpo que não havia simplesmente sido colocado ali, mas cuidadosamente escondido”.
Pelo estado da ossada, os investigadores estimaram que a morte tinha ocorrido até três anos antes.
A polícia de Boston nunca descobriu de quem era a ossada. Os exames apontaram que se tratava de uma mulher entre 25 e 35 anos, cabelos pretos ou castanhos e, segundo a análise dos ossos da bacia, já tinha dado à luz pelo menos uma vez.
“Meu primo entrou em contato comigo dizendo: ‘Não pense que é um trote. O FBI entrou em contato com o delegado e eles estão em uma investigação policial de uma pessoa que foi assassinada nos Estados Unidos e que bateu correspondência com você no DNA’”, conta Murah Peixoto Vaz, padre.
Dezessete anos se passaram desde que a ossada foi encontrada em Boston até o FBI localizar o padre Murah, no interior de Goiás. Em 2019, Murah descobriu que laboratórios de análise genética poderiam, com base no DNA, apontar sua ancestralidade, de onde vieram os seus antepassados. Enquanto isso, nos Estados Unidos, um novo detetive assumiu o caso da ossada encontrada na chaminé em Boston.
“Estamos usando essa nova tecnologia – genealogia genética forense – para tentar resolver casos antigos, sem solução. Nesse específico, o DNA apontava que poderia ter um parentesco com alguém no Brasil, de um estado chamado Goiás”, afirma Charlie Daniels, detetive.
A polícia colocou as informações genéticas da mulher em diversos desses sites que estudam a ancestralidade. E no cruzamento de dados, um dos sites apontou o padre Murah, como um parente distante da mulher.
As autoridades americanas então entraram em contato com a Polícia Federal brasileira. Nos perfis cadastrados no banco de dados da PF, os investigadores brasileiros não acharam nenhum parente da mulher encontrada na chaminé em Boston.
No Brasil, o padre Murah está, ele mesmo, coletando DNA dos parentes para ver se descobre algo novo. E nos Estados Unidos, Eric – o zelador do prédio – deixou escapar mais uma informação.
“Antes de eu começar aqui, a pessoa que trabalhava no meu lugar era um brasileiro. A polícia não falou isso para vocês?”, pergunta.
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