Um padre goiano de 37 anos foi chamado para auxiliar, com dados genéticos dele, o Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI) a identificar a ossada de uma mulher encontrada, em 2005, em Boston, capital do estado de Massachusetts. Os restos mortais dela estavam escondidos na chaminé de um prédio.
Murah Rannier é padre em Cumari, a 200 km de Ipameri, onde ele nasceu, no sul de Goiás. O religioso contou ao Metrópoles que parte de seu DNA foi encontrado na vítima, o que pode indicar um parentesco. Informações do material genético do religioso estavam cadastradas em um banco de dados desde outubro de 2019, mês em que ele as disponibilizou os dados em plataformas que podem indicar parentesco com outras pessoas.
“Ocultação de cadáver”
“O cadáver foi escondido em uma chaminé. Tinha uma parede de tijolos na frente do corpo dela. A polícia quebrou a parede para poder tirar o corpo. Então, é assassinato com ocultação de cadáver. A chaminé estava desativada. Quando foram limpá-la, o braço dela caiu do corpo”, disse Murah. A mulher teria faixa etária de 25 a 35 anos. O assassinato, segundo a investigação, teria ocorrido no ano de 2003, mas foi encontrado somente dois anos depois. “Já tem quase 20 anos, e o processo está correndo. Eles [policiais] não desistiram de tentar descobrir. Diferente do Brasil, onde as pessoas morrem, e fica por isso mesmo”, afirmou. Murah contou que foi procurado pelo FBI, em novembro de 2021. Desde então, testa os parentes, os cadastra em um banco de dados e faz a comparação para ver a compatibilidade com o DNA da vítima. Ele disse que sempre teve curiosidade por descobrir quem são seus ancestrais.
“Não foi surpresa”
O contato do FBI com o padre foi realizado por meio do delegado Diogo Ferreira. O investigador recebeu um contato da embaixada norte-americana e conseguiu encontrar um primo do padre que ainda mora no município. “Quando deixei aberto os meus dados [genéticos] para investigações policiais, eu imaginava já que pudesse acontecer. Não foi uma surpresa receber a ligação”, ressaltou. O padre tem parentes que moram ou já moraram nos Estados Unidos, mas ninguém desapareceu. Segundo ele, os restos mortais “não são de parente próximo”. “Não é um primo de primeiro ou segundo grau. É alguém que deve ser o irmão do meu bisavô ou da minha bisavó materna. Acredito que temos o mesmo trisavô em comum”, observou, ressaltando uma das hipóteses. Murah contou que, depois de fazer teste de DNA em 2019, baixou os dados e os enviou para plataformas para que pudessem auxiliá-lo a indicar parentesco com outras pessoas. O religioso disse que fez isso para buscar informações sobre seus ascendentes. “Tenho feito um levantamento genealógico”, afirmou.
“Investigar”
“O maior interesse foi a história familiar, por via documental estava difícil e usei outras formas que a tecnologia fornece. O DNA ajuda a investigar a genealogia”, ressaltou Murah. O padre contou que cadastrou seus dados em uma plataforma chamada “GEDmatch”, que gera códigos com o seu DNA e possibilita que esses códigos sejam comparados com os de outras pessoas. Segundo o religioso, o site tem uma parceria com o FBI que, se autorizado pela pessoa que doou o DNA, usa as amostras para investigações policiais. Murah cursou Filosofia e Teologia e se tornou padre no dia 8 de março de 2014. Ele contou que já fez cursos extracurriculares sobre bioética e estudou genética, por integrar o Comitê Goiano em Defesa da Vida.
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