O jovem Kael Soares Augusto, estudante de Ciência da Computação na UFMG, está mudando a forma como lidamos com os teclados. Com apenas 21 anos, ele transformou sua experiência pessoal de dor nas mãos em uma inovação que promete fazer a diferença para muitos. Criando o Kaly42, um teclado ergonômico, ele busca não só melhorar seu conforto ao digitar, mas também oferecer uma solução prática para quem enfrenta problemas semelhantes.
O Kaly42 se destaca por seu design portátil e criativo. Com um mascote simpático, um paquímetro chamado Kaly, e apenas 42 teclas, este teclado é a união perfeita entre funcionalidade e estilo. O projeto foi desenvolvido com a colaboração de colegas, que ajudaram a escolher as cores, o formato e até o logo da peça.
“Desenvolvi o Kaly42 como uma solução para combater minhas próprias dores. Os teclados tradicionais prejudicavam meu bem-estar. Queria algo que fosse mais intuitivo e confortável”, compartilhou kael.
Enfrentando tendinite, uma condição gerada por movimentos contínuos e repetitivos, Kael encontrou na adversidade a motivação necessária para criar. O uso prolongado de teclados convencionais deixou suas mãos e punhos em posições desconfortáveis, e ele decidiu que era hora de mudar essa realidade.
A proposta de Kael capturou a atenção de professores da UFMG,incluindo Fernando Magno Quintão Pereira,coordenador do Laboratório Compiladores. “Kael é um estudante excepcional e sua paixão é evidente. Ver esse projeto se concretizar é um testemunho de como ele transformou dor em uma ideia inovadora”, elogiou.
O design do Kaly42 é um dos seus grandes diferenciais. Ele consiste em duas seções que podem ser ajustadas, proporcionando uma postura mais ereta dos ombros e punhos, minimizando desconfortos. Cada tecla está ao alcance dos dedos, um detalhe projetado para eliminar movimentos desnecessários.
Outras características notáveis incluem:
– Layout otimizado para o tamanho das mãos, com linhas que facilitam a digitação.
- Seis teclas dedicadas aos polegares, essencial para acesso rápido a funções.
– Sistema ajustável que permite alterar o ângulo das metades, evitando a torção dos punhos.
Desde jovem, Kael tem uma forte paixão por teclados mecânicos e encontrou inspiração na comunidade de customização. ”Muitos dos modelos disponíveis tinham limitações, então resolvi desenhar um que fosse ideal para mim e disponível para outros”, afirmou durante uma entrevista na UFMG.
O Kaly42 é um projeto de código aberto, disponível no GitHub, permitindo que qualquer um utilize e adapte. Já possui firmware e manuais de construção. Kael também tem ambições de aprimorar o teclado, incluindo funcionalidades como conexão Bluetooth e teclas removíveis.
Apesar do sucesso gerado, Kael não pensa em vender o teclado no momento, devido aos desafios impostos pela burocracia brasileira.Entretanto, pessoas de diferentes países têm manifestado interesse, até mesmo compartilhando suas versões inspiradas pelo Kaly42.
“Recebo mensagens de gratidão e fotos de quem conseguiu montar seu próprio teclado.ver que minha ideia impacta positivamente é algo que não tem preço”,comentou,visivelmente emocionado.
O projeto de Kael é uma evidência clara de como o conhecimento adquirido na graduação pode se converter em soluções que beneficiam a sociedade. Ele reconhece a importância de seu curso, especialmente para compreender o firmware QMK que alimenta o funcionamento do teclado.
“Meu aprendizado na faculdade foi crucial para transformar essa ideia em realidade. É gratificante ver um projeto pessoal tomando forma com o que aprendi ao longo do curso”, finalizou.

Kael sofre com tendinite e, por isso, criou o teclado ergonômico. – Foto: UFMG