Vozes LGBTQ+ Brasileiras em Newark Queer:
potencial Criativo e Liderança em Ascensão
Embora à primeira vista seja inusitado encontrar membros da comunidade LGBTQ+ em um ambiente religioso, essa foi minha experiência ao chegar ao Ironbound, em Newark, em 2006. Minha conexão com a st. Stephan’s Grace Community, uma igreja luterana situada na interseção da Ferry Street com a Wilson Avenue, mudou meu entendimento sobre a diversidade religiosa. Como um latino gay oriundo de Elizabeth e Hillside, filho de imigrantes colombianos, essa relação se revelou profundamente significativa.
Progressivamente, me envolvi com o culto em português, onde conheci brasileiros LGBTQ+ diversificados, formando laços através de nossas experiências comuns como imigrantes queer.Essas interações transpassaram a língua; falávamos sobre identidade, trabalho e espiritualidade, criando uma rede solidária que se tornou fundamental em nossas vidas.
O Ironbound deixou de ser apenas um destino gastronômico para se transformar em um espaço de autoafirmação e pertencimento. com o passar dos anos, a área passou a exibir abertamente sua cultura LGBTQ+, tornando-se um local onde essas vozes são visíveis e respeitadas, tanto nas ruas quanto nos estabelecimentos. Tive a chance de documentar essa evolução ao longo do tempo, refletindo sobre o que significa ser parte dessa comunidade.
Entre aqueles que conheci,muitos recém-imigraram para Newark,mas essa realidade não diminuiu sua determinação. Meus amigos ocupam posições nas áreas de construção, serviços de limpeza, restaurantes e na vida noturna, onde brilham como DJs e performers. Mesmo enfrentando longas jornadas, eles permanecem comprometidos e resilientes, contribuindo significativamente para a economia do bairro.
Recentemente, em 2024, o professor Whit Strub, da Rutgers university, lançou Queer Newark: Stories of Resistance, Love, and Community, que se destaca como o primeiro estudo histórico abrangente sobre a experiência queer em Newark. A obra,publicada pela Rutgers University press,abrange várias perspectivas,incluindo as de brancos,negros e latinos ao longo do tempo. Inclui também meu capítulo,intitulado “Temos Muitas Coisas Pra Fazer”: Identidades de Mercado e Construção de Comunidade Queer no Ironbound Brasileiro e na grande Newark.
No meu texto, defendo que os imigrantes brasileiros queer são fundamentais para o fortalecimento econômico e social do Ironbound. Eles vão além de papéis tradicionais, funcionam como agentes culturais vitalícios e são conectores comunitários essenciais. Entretanto, essa presença ainda carece de uma organização coletiva e de uma representação política efetiva.
As pessoas que entrevistei expressaram uma forte vontade de ver emergirem lideranças queer brasileiras, especialmente para tratar de questões críticas como saúde pública (HIV, dsts, acesso ao PrEP), direitos trabalhistas e educação LGBTQ+/transgênera. Apesar de reconhecerem o potencial para a organização,muitos relatam barreiras como exaustão,instabilidade econômica e receios que inibem esse processo.
À comunidade LGBTQ+ brasileira de Newark: suas vidas transcendem a mera condição de trabalhadores ou empreendedores. Vocês possuem direitos, aspirações e necessidades sociais e emocionais. A energia e a criatividade de vocês são cruciais para a construção de uma comunidade coesa e ativa. É fundamental que suas vozes se façam ouvir,não apenas em espaços informais,mas também na esfera pública e nas tomadas de decisão.
Convidamos todas e todos a se unirem à Queer Ironbound Task Force, um coletivo que luta pela visibilidade e justiça para pessoas queer em Newark. Se estiver interessado(a) em se tornar membro ou potencial líder do movimento, entre em contato pelo e-mail milavi@umich.edu. Juntos, podemos criar um futuro vibrante e justo, onde todas as vidas LGBTQ+ sejam reconhecidas e celebradas.
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