Quando se mudou para os Estados Unidos, há cerca de oito anos, a profissional de recursos humanos Ana Camilo, 33 anos, levou na mala o sonho de empreender. Ela chegou a trabalhar em uma grande empresa de engenharia e iniciou os trâmites para ter um negócio próprio no Brasil, mas acabou encantada pelo “american way of life”. Hoje, Camilo é casada com a advogada norte-americana Hayley Ryan, 31 anos, e as duas criaram a ACHR – Consulting, empresa que ajuda imigrantes a conseguir empregos na área de formação nos Estados Unidos.
Nos EUA, Camilo fez alguns cursos complementares à sua formação e se casou. A profissão da ex-esposa a fez morar em algumas cidades diferentes, onde ela atuava como assistente pessoal. As experiências fizeram com que a empreendedora percebesse uma dificuldade comum entre imigrantes: se adaptar ao mercado de trabalho local.
O relacionamento acabou não prosperando e, tempos depois, Camilo conheceu Ryan. Ainda cismada com o fato de que pessoas conhecidas (engenheiros, advogados, biólogos) não conseguiam vagas em suas áreas de formação e acabavam recorrendo a cargos de “subemprego”, a empreendedora resolveu começar a ajudá-los, de forma gratuita.
Em 2019, já casada com Ryan, estabelecida em Chicago (elas se mudaram para Miami no último mês de julho) e com seu visto permanente em mãos, ela conta que passou a orientar pessoas que a procuravam. Basicamente, indicava cursos que poderiam fazer o profissional se tornar mais atrativo para o mercado norte-americano e ajustava currículos. Foi aí que percebeu que poderia haver uma oportunidade de negócio — e Ryan embarcou na ideia.
Camilo diz que, desde o início do negócio, em março de 2020, já atendeu mais de 2.000 pessoas. Com a demanda, buscou reforços e hoje tem cinco funcionários na ACHR — sigla que une as iniciais dos nomes das empreendedores —, com previsão de contratar mais dois até o fim de outubro.
Ela afirma que um dos principais desafios do negócio é que elas são muito procuradas por pessoas que não têm autorização de trabalho no país. “Nesses casos, não conseguimos fazer nada, infelizmente”, diz. Ela conta também que o fato de ser um casal de mulheres à frente do negócio, o que inclusive é mencionado nas redes sociais da empresa, acaba afastando alguns potenciais clientes e parceiros. “Teve gente que já desistiu de fazer negócio com a gente por causa disso.”
A empresa atende pessoas de diversas nacionalidades, mas 99% são brasileiros. Camilo conta que a principal barreira enfrentada é a língua. “Mesmo que seja para uma vaga que procure por alguém que fale português, é preciso saber inglês.”
Para divulgar o negócio, Camilo virou madrugadas aprendendo marketing digital. Hoje, o principal canal de divulgação da empresa é o Instagram. O objetivo, de acordo com ela, nunca foi transformar a empresa em uma agência de emprego, tanto que não há parceria direta para vagas — e ela deixa isso bem claro para os clientes, antes da contratação do serviço.
Os planos vão de US$ 98 a US$ 299 (cerca de R$ 540 a R$ 1650, na cotação atual), de acordo com o pacote escolhido. O mais básico oferece revisão de currículo e do Linkedin, já os mais avançados incluem simulações de entrevistas e reuniões por vídeo com a equipe — ambas as atividades são o foco de Ryan.
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