Que os cães são fiéis aos tutores a gente sabe muito bem, mas dessa vez a Ciência comprovou que essa empatia canina vai um pouco além.
Estudos constatam que as emoções entre cães e donos podem ser sincronizadas e são sentidas, pelo animal, através do cheiro.
O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Linköping, na Suécia e publicado pela revista Scientific Reports, do grupo Nature. Segundo os dados, até o estresse de longo prazo é sentido também pelos animais.
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Contágio emocional
“Não sente medo; fica calma, senão o cachorro vai perceber e pode te estranhar ou ficar nervoso, também”. Já ouviu ou falou esta frase antes?
De acordo com a pesquisa, os cães sentem, de fato, as nossas emoções, e, com isso, mudam os próprios comportamentos diante delas.
“Quando a relação é longa, o contágio emocional entre eles é facilitado. Ou seja, a convivência pode sincronizar os estresses”, explica Camilli Chamone, consultora sobre bem-estar e comportamento canino. as Gerais.
Camili é pós-graduada em Genética e Biologia Molecular e pesquisa bastante sobre comportamentos animais. Além disso, sabe de diversas histórias por ser editora de todas as mídias sociais “Seu Buldogue Francês”.
Cheiros produzem sinais
Uma outra pesquisa também comprova o mesmo fato e complementa que o os nossos cheiros produzem sinais químicos que “informam” aos cães emoções positivas (como felicidade) ou negativas (como o medo).
A pesquisa foi publicada pela Animal Cognition, por cientistas da Universidade de Naples e do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, de Lisboa. Os dados mostram que diante de uma pessoa que sente medo, os cães demonstraram sinais claros de estresse.
Segundo Camili é possível extrapolar o entendimento de que os cães são capazes de farejar, literalmente, o nosso estado mental – e serem impactados por ele.
Nesse sentido, a Ciência vem comprovando algo que muitos donos já percebiam: os cães deles se conectam com as emoções do momento.
Cão com emocional comprometido
Se você se sente estressado, é importante ficar atento a uma série de sinais que o seu cachorro pode dar, também, por sincronização desse estado.
“Comportamentos compulsivos (como destruição frequente de móveis e objetos, cavar o sofá ou a cama constantemente e lambedura intensa das patas), além de excesso de latidos, comportamentos hiperativos e até comer o próprio cocô são sinais de que o cachorro pode estar com o seu emocional comprometido e, portanto, já em sofrimento”, explica Camili.
Ela também reforça um ponto muito importante.
“Claro que esses sinais precisam ser detalhadamente avaliados, com veterinário e comportamentalista, para saber o problema exato do seu cachorro. Mas já nos dão pistas, caso o humano esteja estressado e perceba, ao mesmo tempo, sinais como estes no seu cão”, alerta.
Cuidado e atenção são importantes
Ao contrário do senso comum, Camili esclarece que não devemos humanizar o animal por isso. Ao contrário! É importante, em momentos como este, elevar o bem-estar de ambos, respeitando cada uma das espécies e as particularidades.
As nossas emoções são refletidas nos animais, mas podem não ser sentidas na mesma intensidade, por exemplo. A extrema felicidade que você tem, pode provocar um pico de adrenalina no animal e trazer algum desconforto.
Da mesma forma, um estado de tristeza pode provocar alguma reação “positiva”, como o fato de o animal se aninhar no tutor, para confortá-lo de alguma forma nestes momentos. É importante manter o equilíbrio de tudo.
“É natural, ao longo da vida, termos medo ou nos sentirmos mais estressados em determinados períodos. Ao mesmo tempo, não conseguimos ‘confundir’ os cães se não estamos bem, já que ele percebe isso pelo cheiro, por exemplo”, comenta.
A solução, segundo a consultora, é manter uma vida equilibrada, o que envolve quatro pilares (tanto para cães como para humanos):
- Gerenciamento das emoções,
- Alimentação de qualidade,
- Sono satisfatório e
- Rotina de exercícios físicos.
“Relaxar corpo e mente, com atividades que nos façam bem, nos ajuda a diminuir nossos níveis de estresse. Cuidarmos de nós e amenizarmos emoções negativas já trarão benefícios diretos ao cão”, afirma.
Além disso, é preciso entender o animal que trouxemos para casa. “Passar o dia maratonando séries pode ser algo relaxante para um humano, por exemplo, mas não trará benefícios ao cão”, explica.
“Para ele, é essencial promovermos qualidade de vida diária condizente com sua espécie; isso o poupará de se sentir estressado pelo tédio e de entrar em um quadro de sofrimento. Para tal, além dos pilares mencionados, é importante enriquecer a vida deles com atividades – passeios, brinquedos interativos ou um osso para roer. Esses são estímulos importantes no dia a dia de seu peludo”, finalizou.
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