Ah, essa CBF… Pois bem, Ednaldo Rodrigues reassumiu a a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), graças a uma liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, após manifestações do Procurador-Geral da República, Paulo Gonet Branco, e da Advocacia Geral da União na quinta-feira (5). A decisão de Gilmar veio pouco depois das manifestações solicitadas à PGR e à Advocacia-Geral da União. A ação foi ingressada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
De volta ao cargo, Ednaldo tomou suas primeiras decisões polêmicas. A primeira delas foi o convite a Dorival Junior para assumir o cargo de treinador da Seleção Brasileira de Futebol até a disputa da Copa do Mundo de Futebol FIFA 2026 na América do Norte. Entretanto, o dirigente apenas comunicou sua decisão a Fernando Diniz depois da notícia ter sido vazada pela imprensa. Diniz não escondeu sua insatisfação por ter sido comunicado posteriormente e externou sua decepção.
Para disfarçar, Ednaldo afirmou que não queria deixar Mario Bittencourt (presidente do Fluminense) em uma situação difícil. Ora, e como fica agora Julio Casares, presidente do São Paulo, diante desse problema. O Tricolor paulista fez todo seu planejamento em conjunto com Dorival Junior e agora, no momento de reapresentação do elenco, o clube do MorumBIS está no mercado em busca de seu substituto.
E já recebeu sua primeira negativa. Ao sondar Juan Pablo Vojvoda, o treinador do Fortaleza barrou qualquer tentativa de negociação, ao afirmar que pretende cumprir seu contrato com o clube nordestino que se estende até o final deste ano. Para tentar remediar a situação, os dirigentes tricolores tentam convencer Muricy Ramalho, coordenador de futebol do São Paulo, a assumir o cargo em caráter emergencial. Caso isto não se concretize, eles precisam contratar um novo técnico às véspera do início do Campeonato Paulista e da decisão da Supercopa do Brasil contra o Palmeiras, marcada para o dia 3 de fevereiro, em local ainda não determinado.
Como a manutenção de Ednaldo Rodrigues está presa a uma liminar, ele pode ser destituído do cargo novamente depois da votação no plenário do STF (Supremo Tribunal Federal). Entretanto, pelo fato de a liminar ter sido concedida por Gilmar Mendes, um decano do STF, dificilmente ela será derrubada e a tendência será a manutenção de Ednaldo no cargo até a próxima eleição.
Aqui vale uma lembrança: o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, aceitou a Ação Direta de Inconstitucionalidade acionada pelo PCdoB, para reconduzir o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, à presidência da CBF depois André Mendonça ter rejeitado o processo por incompatibilidade, algo que Mendes desconsiderou.
O que torna a liminar emitida por Gilmar Mendes suspeita é o fato de, em agosto, Ednaldo Rodrigues ter assinado pela CBF um contrato de parceria com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), para ampliar o alcance da CBF Academy. O IDP tem Gilmar Mendes como fundador e um dos sócios. O instituto recebe críticas desde sua fundação.
Voltando ao aspecto esportivo, o contrato assinado por Dorival Junior prevê sua manutenção no cargo de treinador até a Copa do Mundo. Caso ele seja demitido, a CBF terá de pagar uma multa bem elevada. E, convenhamos, Dorival Junior já deveria ter sido indicado no início do ano passado, depois de Tite ter anunciado que ele deixaria o comando da Seleção Brasileira. Afinal, ele saiu do Flamengo ostentando os títulos de campeão da Copa do Brasil e da Copa Libertadores da América e despontou como o candidato natural para substituir à frente da Seleção Brasileira. E a justiça foi feita um ano depois, após a pantomima com Carlo Ancelotti. E quem acabou pagando o pato foi o São Paulo Futebol Clube, que ficou sem seu treiandor de uma hora para a outra.
Se teve sucesso no convite a Dorival Junior, Ednaldo Rodrigues ouviu a recusa de Filipe Luís para ser coordenador de futebol da CBF. Ainda bem que prevaleceu o bom senso do ex-lateral do Flamengo ao não aceitar o convite do presidente da CBF, porque ele mesmo reconheceu não ter a experiência necessária para assumir um cargo tão importante. Além de ter evitado o constrangimento dele se tornar o chefe do Dorival Junior, que em 2022 foi o treinador da equipe na qual ele atuava.
Mas cobrar coerência da atual administração da CBF seria um sonho. Agora, o Tricolor paulista escolheu Tiago Carpini, ex-técnico do Juventude e ex-comandante do Água Santa, vice-campeão paulista, como seu novo treinador. O São Paulo teve de pagar a multa de um milhão de reais para tirá-lo do clube de Caxias do Sul. Com 39 anos de idade, Carpini se torna o técnico mais jovem da Série A.
Zagallo sai de cena depois de respirar futebol por 92 anos
Maior campeão do mundo de todos os tempos, reverenciado e admirado por uma legião de fãs, ídolo de várias gerações, Mário Jorge Lobo Zagallo morreu na sexta-feira (5), aos 92 anos. O anúncio foi feito nas redes sociais do ex-treinador e ex-jogador da Seleção Brasileira.
Titular nas Copas de 1958 e 1962, técnico do timaço de 1970 e coordenador da Seleção no Mundial de 1994, Zagallo ergueu quatro troféus de Copas do Mundo. Insuperável nos quase 100 anos de história da competição.
Amigos, treinadores, jogadores e dirigentes esportivos de todo o planeta lamentaram a partida do Velho Lobo, como costumava ser chamado.
“A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo. A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol”, afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Nos seus 92 anos, Zagallo nunca escondeu a paixão pelo futebol. Mesmo antes de começar a carreira na base do America-RJ já indicava que queria ser jogador. Não era à toa que seus colegas e vizinhos o convocavam para peladas de rua ou nos campinhos da Tijuca quando, ainda criança, morava nesse bairro, na zona norte carioca.
Zagallo nasceu em Atalaia, município de Alagoas, a 48 quilômetros de Maceió. Mas, com apenas oito meses de vida, já se mudara para o Rio com a família. O pai, Aroldo Cardoso, que chegou a jogar pelo CRB, de Alagoas, mesmo diante da habilidade do caçula com a bola, preferia vê-lo estudando e só se convenceu de que Zagallo poderia seguir no futebol após a intervenção do primogênito, Fernando.
Com a bola nos pés, franzino, Zagallo não ganhava praticamente nenhuma dividida. Compensava a falta de massa muscular com velocidade, visão de jogo e inteligência, o que enervava os zagueiros brucutus. Depois de sua passagem pelo America, notabilizou-se no Flamengo, no qual conquistou o tricampeonato carioca em 1953/54/55.
Com suas atuações no Rubro-Negro, passou a ocupar um lugar na Seleção brasileira e fez parte do time que ganhou a Copa de 1958, no Chile. Naquela competição, marcou um dos gols da goleada do Brasil sobre a Suécia por 5 a 2, na decisão do título.
Já consagrado, viveria outros momentos de muita intensidade durante sua permanência no Botafogo, do segundo semestre de 1958 a 1965. Foi nesse período que conquistou o bicampeonato mundial, ao lado de seus colegas de clube Didi, Nilton Santos, Amarildo e Garrincha, lendas do esporte.
Em 1970, obteve o terceiro título de Copa do Mundo, como treinador do dream team que reunia Pelé, Clodoaldo, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto Torres e outros craques. Abraçou o novo ofício também com empenho e alegria. Com o respaldo da façanha no Mundial do México, permaneceu na equipe na Copa de 1974, na Alemanha, vencida pelos anfitriões em histórica decisão com a Holanda.
Sua trajetória como técnico já o qualificava como um dos melhores do mundo. Aos poucos, começou a ganhar todas as divididas fora de campo, em embates com outros treinadores, jornalistas e jogadores de nome. Esteve novamente no comando da Seleção brasileira no Mundial de 1998 e na Copa de 2006 trabalhou como auxiliar de Carlos Alberto Parreira.
Ao longo dos anos, Zagallo foi colhendo a admiração por frases de efeito que soavam engraçadas e criavam empatia com o público. A mais conhecida, “vocês vão ter que me engolir”, marcou parte importante de sua carreira. Mencionada pela primeira vez em 1997, quando o Brasil, dirigido por ele, conquistou a Copa América vencendo os seis jogos que disputou, soou inicialmente como desabafo contra jornalistas que estariam fazendo pressão para Vanderlei Luxemburgo assumir o cargo.
Zagallo decidiu não continuar profissionalmente no futebol em 2011, com 79 anos. Em 2012, o tetracampeão sofreu o maior baque de sua vida – a morte de sua esposa Alcina, com quem estava casado havia 57 anos. Os dois tiveram cinco filhos. Supersticioso, dizia que Alcina era a mulher ideal, pois a soma das letras do nome dela com o seu era igual a 13, número ao qual rendia graças por considerá-lo atrelado à sorte e à fortuna e ao amor.
O respeito e afeto pelos amigos de longa data era outro aspecto revelador da personalidade de Zagallo. Em 2021, ao completar 90 anos, recebeu mensagem especial de Pelé. “Nós já fomos companheiros de time. Já fomos adversários. Já fui seu jogador e você meu treinador. Mas acima de tudo sempre fomos grandes irmãos. Você é um líder, um mentor, um ídolo e um amigo de coração imenso, que o futebol brasileiro jamais irá esquecer.”
*Este texto foi escrito pela assessoria da CBF
Danken Franz
Essa simples mensagem brilhou em letras gigantescas no exterior do estádio do Bayern de Munique na sexta-feira (12), quando a Bundesliga regressou da pausa de inverno com um jogo dedicado a Franz Beckenbauer.
A morte de Beckenbauer, aos 78 anos, provocou homenagens de todo o mundo do futebol, mas deixou uma impressão particularmente profunda na equipe onde passou grande parte da sua carreira de décadas.
Para além da mensagem “obrigado, Franz” que tem sido repetida todas as noites na Allianz Arena e que mostrada durante o jogo de sexta-feira contra o Hoffenheim, os jogadores do Bayern usaram braçadeiras negras nos treinos e o clube organizar uma grande cerimônia fúnebre no estádio a 19 de janeiro.
“Ele tem uma vida de trabalho incrível e uma personalidade incrível”, disse o técnico do Bayern, Thomas Tuchel, sobre Beckenbauer na quinta-feira. “Eu próprio sou demasiado novo para me lembrar dele como jogador e para o ter visto ao vivo ou na televisão, mas a dimensão é difícil de compreender e talvez impossível de pôr em palavras. Por isso, será certamente muito emotivo amanhã no estádio e muito emotivo nas próximas semanas.”
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