Se restava alguma dúvida de que o Brasil produz os melhores cowboys na montaria em touros do mundo, José Vitor Leme confirmou o favoritismo do país dia 7 de Novembro em Las Vegas conquistando o bicampeonato mundial da Professional Bull Riders (PBR). Mas não é só no lombo do touro que os brasileiros brilham e conquistam títulos.
E a partir desta quinta-feira (2/12), Junior Nogueira, conhecido como Testinha, e Marcos Allan Costa, entram na arena em busca de mais títulos na Nacional Finals Rodeo (NFR), em Las Vegas, nos Estados Unidos. A competição faz parte do calendário da Professional Rodeo Cowboys Association (PRCA) e vai até o dia 11 deste mês, no Thomas & Mack Center.
A edição deste ano é da 63ª da NFR. Reúne os 119 melhores competidores do mundo, disputando a cobiçada fivela de ouro da PRCA e uma fatia do prêmio de US$ 10,257 milhões ($57,692 milhões de Reais). Cada um dos finalistas recebe US$ 10 mil por se classificarem para a final.
São nove fivelas (títulos) em disputa: Bareback Riding, Steer Wrestling (Buldog), Team Roping Heading (Cabeça), Team Roping Heeling (Pé), Saddle Bronc Riding, Tie-Down Roping (Laco Individual), Barrel Racing (Tambor), Bull Riding (Montaria em touros), All-Around (cowboy completo).
Cada modalidade terá dois campeões: o mundial e o da etapa final, em Las Vegas. A disputa prevê dez rounds, um por dia de competição. Cada rodada premia do primeiro ao sexto colocado. Somados os dez resultados de cada competidor, são definidos os finalistas de cada modalidade. Por rodada, são pagos US$ 87,08 mil em prêmios por modalidade.
Somados dez tempos/dez notas de cada Cowboy, tem-se a ordem final da etapa (average). A premiação do average (média) é US$261,261 por modalidade. Conquistam o campeonato mundial os cowboys que somarem o maior número de ganhos na temporada regular e na NFR.
Competidores experientes, Junior Nogueira (Testinha) e Marcos Alan Costa retornam à NFR com grandes chances de trazerem mais um título mundial para o Brasil. Os dois já fizeram história da competição em 2016 e 2017. Testinha se tornou o primeiro brasileiro a levar o título de campeão all-around (cowboy completo), laçando pé (pezeiro) no team roping e laço individual (tie-down roping) e Costa o primeiro campeão mundial de laço individual.
Em sua sétima participação na NFR ,Testinha chegou à final em primeiro lugar no team roping com US$ 133,716 mil em premiações durante o ano. O Americano Travis Graves vem logo atrás em segundo lugar, com US$ 126,869 mil, e Paden Bray em terceiro, com US$ 116,937 em prêmios. Laçando com seu companheiro Kaleb Driggers, ele tentará ganhar a única fivela que falta em seu longo currículo, depois de quatro anos batendo na trave. Ele foi vice-campeão da modalidade em 2016, 2017, 2018 e 2019.
Nascido em Presidente Prudente (SP), ele cresceu com a meta de chegar à NFR. Com 4 anos, começou a laçar com seu pai, Lucinei Nunes Nogueira, o famoso Testa, precursor da modalidade no Brasil e maior laçador da nossa história. Testa criou seu filho para ser um campeão mundial. Mas, com sua morte em 1996, dentro de uma pista de laço, foi sua esposa, Eliziane Nogueira, que terminou de preparar Testinha, virando bovinos para o filho nos treinos desde que ele era criança.
Depois de dominar as provas de Team Roping no Brasil, Testinha foi para os Estados Unidos em 2013 com suas cordas, espora e US$ 500 no bolso. Era para ser uma viagem de uma semana, mas uma visita ao rancho de Jake Barnes, sete vezes campeão mundial, mudou sua vida. “Eu cresci assistindo o Jake laçar… eu amo ele e aprendi tudo que sei hoje sobre o laço e o rodeio aqui (EUA) com ele,” diz ele.
Marcos Allan Costa está voltando para a NFR depois de cinco cirurgias no joelho e anos fora das finais no laço individual. A última NFR dele foi a de 2017, quando ganhou seu primeiro mundial. Costa chega à final em sexto lugar com US$ 113,742 mil ganhos durante o ano. Para sair de Las Vegas com a fivela de ouro, terá que ultrapassar o primeiro colocado na modalidade, Shane Hanchey, que ganhou US$176,079 mil nas etapas regulares.
Não será nada fácil ultrapassar o campeão mundial de 2013 e os outros quatro laçadores à sua frente. Especialmente quando se trata de competidores como o campeão mundial de 2020, Shad Mayfield, e o tetracampeão mundial, Tuf Cooper. Mas não é impossível. Em 2017, quando ganhou, Costa entrou na NFR em quarto lugar no mundial e ganhou US$ 195,519 mil durante os 10 dias de competição em Las Vegas, subindo para a primeira colocação no ranking e levando US$ 317.421,33, somando etapas regulares e final.
Costa nasceu em Iretama (PR). Também sempre sonhou em ser um “peão de rodeio”. Seu pai, apesar de não ter competido, também serviu como inspiração para o campeão mundial. “Minha primeira memória do meu pai é ele domando cavalo, montando em burro bravo, laçando na invernada…ele é meu herói”, lembra Costa.
Sua vida não foi nada fácil. Chegou a trabalhar em açougue por R$ 5 por dia e andar 20 quilômetros para treinar. Com muito suor, sangue, algumas lágrimas e muitas pessoas do bem pelo seu caminho que lhe ajudaram, Costa chegou nos EUA. Em 2017, quando ganhou o NFR e foi campeão mundial, lembrou de uma dessas pessoas: o campeão mundial de 2008, Stran Smith, com quem foi para as arenas americanas e a quem atribui ter aprendido tudo o que sabe sobre laçar no país.
O sucesso de Costa nos Estados Unidos também cabe à sua parceira nas pistas, a égua Quarto de Milha Sort of Popular, mais conhecida como Paraguaia. Em Outubro, Paraguaia foi eleita pela American Quarter Horse Association (AQHA) o Cavalo do Ano de 2021 no laço individual. De acordo com o laçador, ela lhe ajudou a conquistar “tudo o que tem: a casa, camionete e outros cavalos.”
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