Paula Cortez Medrano trabalha no setor agrícola desde que chegou aos Estados Unidos, há mais de 25 anos. Ela trabalhou no calor dos verões de Fresno, na Califórnia, colhendo cebolas, tomates, uvas e alho, bem como nas temperaturas congelantes nas casas de embalagem de produtos locais, onde usava duas camadas de calças para se aquecer enquanto preparava frutas e legumes congelados para serem vendidos em supermercados de todo o país.
As informações foram divulgadas pelo site Mercury News (www.mercurynews.com) e de acordo com a reportagem, a imigrante disse que foi rejeitada por causada da sua idade. “Eles me dispensaram sob a alegação de não ter mais trabalho e nunca mais me chamaram de volta ao trabalho”, afirmou.
Hoje, ela trabalha como vendedora ambulante no centro de Fresno, ganhando em média US$ 80 por dia, muito menos do que os US$ 15 por hora que ganhava na casa de embalagens.
Por causa de trabalhadores como ela, os legisladores democratas da Califórnia querem estender os benefícios de auxílio-desemprego a trabalhadores ilegais, uma proposta apoiada por um novo relatório do UC Merced Community and Labor Center, que explica por que a economia, a força de trabalho e as famílias da Califórnia se beneficiariam.
Apresentada no mês passado pelo deputado Eduardo Garcia, democrata do Coachella, e atualmente em análise na Assembleia, o projeto AB 2847 criaria o Programa Piloto de Trabalhadores Excluídos, com período de dois anos que forneceria recursos para trabalhadores ilegais que perdessem o emprego ou horas reduzidas durante o ano de 2023. A proposta, estimada em US$ 597 milhões, mais custos administrativos, permitiria que indivíduos desempregados qualificados recebessem até US$ 300 por semana durante 20 semanas.
O relatório, divulgado na quinta-feira da semana passada, argumenta que estes trabalhadores desempenham um papel fundamental na economia da Califórnia, contribuindo com cerca de US$ 3,7 bilhões em receitas fiscais anuais estaduais e locais. Além disso, esses trabalhadores ocupam um em cada 16 empregos no estado, muitos dos quais foram considerados “trabalhados essenciais” durante a pandemia da COVID-19, principalmente nas áreas agrícolas, frigoríficas e outras indústrias importantes.
Estima-se que 2 milhões de imigrantes ilegais vivem na Califórnia, com cerca de 1,1 milhão dessa população participando da força de trabalho.
Dos 1,6 milhão de trabalhadores na região central de San Joaquin Valley, cerca de 7% são indocumentados, afirma o relatório.
Quase 38% dos trabalhadores imigrantes e mais de 61% das crianças que moram com eles vivem em lares que ganham menos de um salário digno e enfrentam insegurança habitacional e alimentar, crônica e grave, de acordo com o relatório. “Infelizmente, esses trabalhadores enfrentam altas taxas de extrema dificuldade e não têm acesso a benefícios de desemprego”.
O relatório conclui que os desafios enfrentados pelos trabalhadores ilegais provavelmente aumentarão como resultado de vários problemas ambientais, como incêndios florestais, terremotos, calor extremo e seca, junto a atual crise de saúde pública que o estado já enfrenta.
A imigrante citada no início do texto disse que o acesso ao auxílio-desemprego de um programa piloto seria “la gloria”, ou glória, e que ela usaria esses fundos para pagar aluguel, contas e comprar comida durante o tempo em que estiver desempregada. “Já está na hora”, destacou.
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