Há 330 quilômetros da Capital Belo Horizonte, Alpercata vem “encolhendo” com a debandada de famílias locais que vendem suas casas, tiram os filhos das escolas para morar nos EUA. O destino é Orlando, na Flórida e Massachusetts
Da Redação
Afinal, qual será o destino da cidade mineira de Alpercata? Há 330 quilômetros da Capital Belo Horizonte, Alpercata vem encolhendo nos últimos meses e pode virar um município fantasma. Acontece que a maioria das famílias está deixando e cidade para imigrar para os EUA – uma prática de décadas –, abandonando o trabalho, vendendo suas casas em busca de oportunidades em terras americanas. Qual o principal destino? Flórida e Massachusetts. O mais preocupante é que a maioria tenta entrar pela fronteira Mexico/EUA.
Para os 7.500 habitantes de Alpercata – conhecida como a Capital Mundial do Quiabo –, a situação vem se complicando consideravelmente, pois faltam trabalhadores na cidade. Agora, que a população local sofre as consequências da pandemia, que destrói empregos e provoca uma inflação de dois dígitos, a migração da cidade rural com plantios de quiabo se transformou em um êxodo. Virou um caos, segundo os próprios moradores.
E de acordo com dados municipais, a maioria das famílias tiraram os filhos das escolas, e venderam os seus pertences neste ano para financiar uma viagem aos EUA. Para que o leitor tenha noção da gravidade, funcionários públicos abandonaram seus cargos. Em Alpercata, quase 5% dos 162 servidores da prefeitura, a principal empregadora da cidade, fugiram para os EUA neste ano, disseram autoridades, citando dados municipais.
À padaria da cidade não tem padeiro – não tem que faça o pão –, e os times de futebol de Alpercata estão ficando sem jogadores. “Não dá para acreditar no vazio que ficou a nossa cidade. Está todo mundo indo embora para os Estados Unidos e Alpercata não tem gente para trabalhar, não tem crianças nas escolas, é uma lástima”, relata uma moradora desolada.
As escolas municipais de Alpercata já perderam 10% de seus 926 alunos neste ano, disse Lucélia Pimentel, secretária de Educação da cidade, acrescentado que a cada dia mais pessoas estão deixando o local. Qual o principal destino? A Flórida – muitas dessas famílias hoje residem em Orlando –, e Boston, em Massachusetts.
Alpercata está “encolhendo”
Os sinais de que Alpercata está encolhendo são perceptíveis. Nas dependências da Prefeitura, onde mangas se penduram como enfeites de Natal em um matagal de árvores, uma escavadeira permanecia sem uso no início de novembro. Autoridades disseram que a máquina está parada desde que seu único operador treinado emigrou para os EUA algumas semanas atrás.
A maioria dos imigrantes brasileiros chega aos EUA via México, onde ingressam sem vistos como turistas – a exigência de vistos para o México voltará a vigorar. Alguns pegam voos até cidades da fronteira mexicana e se entregam às autoridades norte-americanas para pleitear asilo.
A debandada de Alpercata e de cidades pequenas próximas, sublinha o impacto duradouro da pandemia que já matou mais de 600 mil pessoas no Brasil, cifra só inferior à norte-americana.
A situação também reflete o salto na migração aos EUA de pessoas da América Latina, região duramente atingida pelo vírus. Números recordes de brasileiros, haitianos e venezuelanos estão aparecendo na fronteira sul dos EUA e engrossando as fileiras dos esperançosos saídos de polos de imigração tradicionais, como México e América Central.
Com o mercado de trabalho aquecido dos EUA e um dólar forte que faz as remessas enviadas ao Brasil durarem mais estão se mostrando difíceis de resistir. A atual realidade está atraindo trabalhadores do setor administrativo que será mais difícil o Brasil substituir, disseram autoridades, acadêmicos e a polícia à Reuters.
Enfermeiros, engenheiros e até funcionários municipais com estabilidade no emprego estão partindo, muitos sem planos para voltar. Qual será o destino da pequena Alpercata?
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