Keiny Hughes, uma brasileira de 27 anos, fez uma grande mudança ao deixar Belo Horizonte há seis anos para se estabelecer em Massachusetts, nos EUA. Seus planos iniciais incluíam se casar e construir uma carreira no setor de moda, sua área de formação. O relacionamento se concretizou, mas suas ambições profissionais passaram por uma transformação significativa.
No último ano, Keiny trocou sua posição no competitivo varejo de luxo, onde recebia cerca de US$ 50 mil anuais (equivalente a R$ 308 mil), por funções como faxineira na empresa de sua sogra. Antes, ela atuava em uma loja de artigos de luxo, ocupando o cargo de gerente de logística, mas agora dedica seu tempo a limpar residências de alto padrão.
“Após alguns anos, comecei a refletir sobre meu futuro e como seria minha vida em algumas décadas. Queria adquirir um imóvel, ter animais como galinhas e bodes, e uma família grande”, revela Keiny. Apesar de ter uma carreira consolidada, ela sentiu que precisava de uma mudança. A gota d’água foi perceber que sua chefe, após 20 anos em uma empresa, ganhava apenas 40% a mais do que um funcionário novo. “Minha sogra, que é faxineira há 39 anos, conseguiu sustentar dois filhos na faculdade sem precisar de empréstimos e possui várias propriedades. Era esse tipo de liberdade que eu almejava”, conta.
Depois de seis meses de ponderação, tomou coragem e pediu demissão. Durante esse período, acumulou experiências, trabalhando na loja durante a semana e limpando casas nos fins de semana junto de seus sogros.
‘A Revolução da Faxina’
Em 6 de agosto de 2023, Keiny fez a transição formal para a sua nova carreira. “Atualmente, realizamos cerca de 20 limpezas por semana, cobrando em média US$ 200 por cada serviço”, explica. O trabalho em equipe com os sogros facilitou o crescimento do negócio. Keiny já consegue substituir totalmente a renda que possuía anteriormente apenas com serviços de faxina. “Decidi reposicionar o nosso trabalho para sermos vistos como profissionais, expandindo a gama de serviços oferecidos, incluindo limpezas mais complexas e pós-reformas.”
Agora, a equipe se apresenta como uma empresa de limpeza profissional, com vestimentas padronizadas e veículos identificados, além de usarem equipamentos próprios. Keiny destaca que o panorama da faxina nos Estados Unidos difere bastante da percepção no Brasil.
‘Ser Faxineiro é Sinônimo de Luxo’
Nos EUA, é prática oferecer uma “limpeza profunda” antes de um contrato com um cliente, abrangendo todos os aspectos do imóvel, desde lustres até fornos e rodapés. As limpezas subsequentes consistem em manutenções. “Nós arrumamos as camas, tiramos a poeira e fazemos a limpeza com aspirador e pano de chão”, detalha. Através de vídeos nas redes sociais, Keiny compartilha dicas, como dobrar lençóis e realizar uma limpeza eficaz na máquina de lavar louças. “Diferentemente do Brasil, onde a faxina é muitas vezes encarada de forma negativa, nos Estados Unidos, é posicionada como um serviço de luxo, valorizado e essencial”, complementa.
‘Uma Nova Realidade’
Atualmente, Keiny se sente realizada. “Embora o trabalho seja mais físico, tenho a chance de crescer e eventualmente contratar mais pessoas.” Ela admite perder certos benefícios ao optar por trabalhar de forma independente, mas não vê isso como um obstáculo. “Assim, consigo poupar para uma previdência privada e gerenciar meus próprios impostos.” Para ela, o que realmente importa é o ganho em qualidade de vida: “Hoje, trabalho das 8h às 15h, levando apenas 15 minutos para me deslocar. Antes, eram nove horas diárias com três horas de deslocamento. Agora, consigo passar mais tempo com meu marido, cuidar da casa e desfrutar dos meus hobbies.”
// Fonte: UOL.
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