David Bennett é o nome da primeira pessoa do mundo a receber um transplante feito com coração de porco, cirurgia que mostramos no início da semana aqui no Só Notícia Boa. O paciente de 57 anos passa bem, segundo os médicos que o acompanham em Baltimore, nos Estados Unidos.
Mas por que uma pessoa aceitaria receber um coração de porco, se perguntam internautas no mundo inteiro? A resposta de David Bennet, que tinha uma doença cardíaca terminal, é curta e grossa: “Era morrer ou fazer esse transplante […] Eu sei que é um tiro no escuro, mas é minha última escolha”, afirmou.
Apesar de os médicos não saberem quais são as reais chances de sobrevivência de David a longo prazo, o transplante dele foi considerado a última esperança de salvá-lo.
E Bennett espera que seu transplante permita que ele continue vivendo, independentemente de quanto tempo.
Ele ficou de cama durante seis semanas antes da cirurgia e ligado a uma máquina que o manteve vivo depois que foi diagnosticado com doença cardíaca terminal.
“Não vejo a hora de sair da cama depois que me recuperar”, disse ele na semana passada.
Respirando sozinho
Na segunda-feira, 10, foi relatado que Bennett já respirava sozinho. Mas não está claro exatamente o que acontecerá a partir de agora.
O porco usado no transplante foi geneticamente modificado para eliminar vários genes que teriam levado o órgão a ser rejeitado pelo corpo de Bennett, informou a agência de notícias AFP.
David Bennett Jr, filho do paciente, disse à Associated Press que a família está em “território desconhecido neste momento”. Mas acrescentou: “Ele percebe a magnitude do que foi feito e realmente percebe a importância disso”.
A cirurgia inédita
A cirurgia de David foi feita no último dia 7 e a foto do cirurgião Muhammad M. Mohiuddin segurando o coração de porco geneticamente modificado usado no transplante correu o mundo.
O transplante foi feito no centro médico da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Os médicos conseguiram uma licença especial do órgão regulador médico dos EUA para realizar o procedimento, porque sem ele, David Bennett já teria morrido.
“Nós nunca havíamos feito isso em um humano e eu gosto de pensar que nós demos a ele uma opção melhor do que continuar sua terapia”, disse o cirurgião Bartley Griffith. “Mas se [ele viverá] um dia, semana, mês, ano, eu não sei dizer.”
Por ter saúde já muito debilitada, ele foi considerado inelegível para um transplante de coração humano.
Crise da escassez de órgãos
A equipe médica que realizou o transplante, comemorou o procedimento inédito. Disse que é o ápice de anos de pesquisa e poderá mudar vidas em todo o mundo.
Em comunicado da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, o cirurgião Bartley Griffith disse que a cirurgia deixa o mundo “um passo mais perto de resolver a crise de escassez de órgãos”, segundo
Hoje, 17 pessoas morrem por dia nos EUA à espera de um transplante, com mais de 100 mil na lista de espera.
A possibilidade de usar órgãos de animais para o chamado xenotransplante (transplante de células, tecidos ou órgãos de uma espécie para outra) para atender a demanda por transplantes é uma possibilidade estudada há anos.
O uso de válvulas cardíacas de porco já é comum, mas o coração inteiro, foi a primeira vez.
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