Uma mulher norte-americana de 76 anos, que vive no Brasil desde os anos 1970, criou uma verdadeira floresta no sertão da Bahia, em uma região de Caatinga onde chove pouco.
Marsha Hanzi vive em Tucano, no interior do estado. Quando chegou ao local, ela teve a ideia de criar jardins e produzir alimentos de maneira sustentável, bem no meio da seca.
Foram 10 anos de testes, mas nada funcionava, até que Marsha começou a usar a técnica da permacultura, que ensina formas de organizar a plantação, animais e pessoas para criar um ecossistema em um espaço delimitado. E deu certo!
Como conseguiu
Para manter a umidade em todo o terreno, ela usou a prática convencional da agrofloresta, em conjunto com a criação de animais.
Também manteve as árvores do proprietário anterior do terreno, como catingueiro, cajueiro e licurizeiro, para gerar frutos e sombra.
Na área, plantas adaptadas dividiam espaço para o plantio de frutas e vegetais.
Aí ela resolveu plantar capim sob a sombra das árvores para esperar a chuva. Não deu em outra: o capim cresceu e as vacas puderam ser alimentadas.
Suas salivas aceleravam a atividade orgânica na terra, por conta dos micro-organismos.
Após a alimentação, as vacas são levadas a cada três dias para um espaço diferente, para não pisotearem ou ingerirem as plantas que crescem no esterco, que vira adubo. Esse material é usado nas plantações para fortalecer o solo. O capim também ajuda a reter a umidade.
As árvores mais resistentes ao calor alimentavam o gado com seus frutos, para a espera do crescimento de novo capim.
Autossuficiente
E o ciclo se repete, como uma floresta.
Marsha, hoje, consegue ser autossuficiente em comida orgânica e carne e dá cursos e almoços para universitários, estagiários, agricultores e hóspedes, que geram dinheiro para pagar funcionários.
Para a aparência, ela criou caminhos com flores, cactos e plantas em tamanhos e formatos diferentes da Caatinga, inspirada pelos formatos e cores são os jardins da Inglaterra.
“Se combinarmos plantas diferentes de uma forma exuberante, mas organizada, pode ser um efeito que toca em algo mais profundo nas pessoas”, acrescenta. “Eu tenho esperança de que isso [o sucesso de sua ‘floresta’] agora possa incentivar os vizinhos da região”, disse.
A chegada ao Brasil
Nascida na Flórida, Estados Unidos, Marsha viveu na Inglaterra e na Suíça.
Ela veio para o Brasil nos anos 1970, com o então marido e viveu em São Paulo.
Entre 1980 e 1990, foi a primeira pessoa a utilizar no Brasil a técnica da permacultura,
Depois fundou o Instituto de Permacultura da Bahia, e conseguiu comprar o sítio em Tucano, contra a vontade de seu marido.
O casal se divorciou após 30 anos de casamento, quando ela tinha 56 anos.
Hoje ela vive no sítio e continua com sua produção em Tucano.
O amor pela terra e pela natureza permanece e ela não se arrepende.
Com informações do Correio24h
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