Os cientistas realizaram testes com camundongos mais velhos e células humanas, e os efeitos foram tão promissores que abriram a porta para novas abordagens em terapias de longevidade. Durante os experimentos com roedores, observou-se uma reversão nos sinais visíveis de envelhecimento após a administração da substância, incluindo um aumento na energia e até a recuperação de pelos.
Além disso, fibroblastos humanos do pulmão que passaram pelo mesmo tratamento mostraram uma expectativa de vida significativamente maior e melhorias em biomarcadores tradicionalmente associados a tratamentos complexos ou intervenções genéticas.
Os camundongos envolvidos na pesquisa possuíam a idade equivalente a 60 ou 65 anos em humanos. Ao longo de 10 meses, eles receberam doses mensais de psilocina, a forma ativa da psilocibina após metabolização. A dosagem começou baixa e foi gradualmente aumentada até 15 miligramas.
Logo nos primeiros três meses, mudanças notáveis foram registradas: pelos grisalhos se tornaram menos frequentes, a queda de cabelo foi revertida e os animais demonstraram uma energia renovada.
No final do período de estudo, os roedores que receberam psilocina apresentaram uma expectativa de vida média 30% superior àqueles que não foram tratados.
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da mesma forma, o experimento incluiu fibroblastos humanos do pulmão – células essenciais para a estrutura da pele e dos órgãos. As células foram separadas em dois grupos: um recebeu psilocina, enquanto o outro recebeu um placebo.O que se observou foi impressionante: com uma dose de apenas 100 microgramas, essas células apresentaram um aumento de 57% em sua vitalidade.
Além de terem uma vida útil prolongada, as células tratadas mantiveram-se mais ativas, necessitaram de mais tempo para cessar a divisão e apresentaram menos indícios de envelhecimento, como a preservação dos telômeros - estruturas que protegem os cromossomos, associadas a uma longevidade saudável.Qual é o mecanismo por trás disso?
A chave pode estar em um receptor chamado 5-HT2A, que é encontrado em diversos tecidos do corpo, incluindo cérebro, pele, coração e células do sistema imunológico. A psilocibina atua sobre esse receptor, ativando uma via chamada SIRT1, que contribui para a desaceleração do envelhecimento celular, além de proteger o DNA.
Dessa forma, a substância influencia diretamente os processos que regulam a senescência celular – o fenômeno pelo qual as células perdem a funcionalidade e geram inflamações.Essa descoberta pode explicar os efeitos duradouros e abrangentes da psilocibina em diferentes sistemas do organismo.
Além da saúde mental
Embora amplamente reconhecida por seus benefícios em condições psicológicas como depressão e ansiedade, a psilocibina está sendo investigada em mais de 150 estudos clínicos. Esta nova descoberta expande o leque de possibilidades para sua aplicação – agora também no campo da medicina regenerativa e do prolongamento da vida.
Pesquisas anteriores já sinalizavam que uma única dose da substância poderia ajudar a aliviar sintomas físicos e emocionais por até cinco anos. Com essas novas evidências, a ciência considera um futuro em que o envelhecimento não apenas possa ser retardado, mas também possivelmente revertido.
E agora?
Os pesquisadores ressaltam que ainda é prematuro recomendar o consumo de cogumelos psicodélicos como forma de suplemento. Essa substância permanece ilegal em diversos países,inclusive no Brasil,e demanda um aprofundamento nos estudos. No entanto, eles acreditam que esses resultados podem abrir caminhos para uma nova classe de medicamentos que simulem os efeitos benéficos da psilocibina sem induzir alucinações.
Enquanto essa jornada científica se desenrola,a descoberta instiga um otimismo crescente: a ideia de que viver com mais saúde e por mais tempo pode se tornar uma realidade acessível a todos,e que a resposta pode estar literalmente ao nosso alcance.
Leia o estudo completo.

As substâncias presentes no cogumelo podem se tornar um ótimo aliado contra o envelhecimento - Foto: Alan Rockefeller