Por Lindenberg Junior
A imagem que você vê é de uma cena do filme pós-apocalíptico “I Am Legend” no qual o personagem principal, considerado o único sobrevivente em meio a um mar de zumbis noturnos, está sugando gasolina de um extinto posto de gasolina em Nova York. Já a outra imagem mais abaixo é uma foto real de um posto de gasolina em Los Angeles na segunda semana de março (2022).
Aqui nos Estados Unidos (e também em outras partes do mundo), estamos passando por momentos de incertezas e disparadas de preços, particularmente de produtos derivados do petróleo como a gasolina. Será que seria tudo em consequência da guerra Rússia X Ucrânia?
Não vamos abordar um tema essencialmente político, mas tentaremos entender o que pode estar realmente acontecendo já que existem muitas fontes de notícias hoje que não são confiáveis, desde algumas mídias e conglomerados corporativos a pessoas que repassam informações nas mídias sociais sem checar as fontes e a veracidade.
Bem, eu pesquisei- e na verdade gastei algumas horas do meu dia para chegar a alguns fatos que irei expor aqui nesse artigo. O meu maior interesse, e da Soul Brasil, tem foco nos direitos do consumidor, de entender para onde está indo o meu dinheiro, e também um ponto de vista ecológico e da sustentabilidade, afinal quem conhece a história de quase 20 anos (sim, completamos duas décadas de existência em junho de 2022) sabe o que estou falando.
Existiram ordens executivas nos EUA, emitidas em janeiro de 2021, para suspender novos arrendamentos de petróleo e gás natural em terras públicas. Nenhuma venda de arrendamento em terra para a produção de petróleo e gás natural aconteceu desde janeiro de 2021, e foi a primeira vez que isso ocorreu em mais de 20 anos.
O Departamento de Energia e a Comissão Federal Reguladora de Energia dos EUA estão retendo aprovações para novos terminais de gás natural liquefeito. E em setembro de 2021, um juiz federal bloqueou um grande projeto de petróleo no Alasca capaz de produzir 160.000 barris por dia. Todas essas medidas foram conduzidas sob o pretexto de efetivar uma política de energia limpa. Mas outros dados nos dizem algo diferente.
A produção de energia a partir do carvão, que estava em declínio desde 2013, aumentou em 2021. A produção de energia do combustível fóssil baseado em carbono e mais sujo aumentou no ano passado nos EUA para compensar a queda correspondente na energia produzida pelo gás natural.
Em 2013, o carvão representou 40% da produção de eletricidade nos EUA. Os declínios mais acentuados no uso de carvão ocorreram entre 2017 e 2020. O carvão, como fonte de eletricidade, caiu para 20% e foi planejado para cair drasticamente. Em 2021, o carvão como fonte de produção de eletricidade saltou para mais de 23%, quase um quarto de toda a produção de energia.
Podemos dizer que os EUA foram “net exporter” de petróleo em 2020. Em 2022, esse não é mais o caso. Os Estados Unidos, nesse mês de março (2022), está tentando fechar acordos com Venezuela e Arábia Saudita, se autodeclarando “dependente” pelo fato de bloquear o comércio com a Rússia.
As reservas estratégicas de petróleo podem ser exploradas, mas apenas podem esperar/deter 30 dias do consumo diário dos EUA, e essas reservas não podem ser acessadas todas de uma vez. Pelo que entendi, o rebaixamento diário máximo é de apenas 4,4 milhões de barris de petróleo e leva 13 dias para que essas reservas entrem no mercado dos EUA, além do fato que o petróleo também tem que ser refinado ate seu produto final. Também é importante entendermos que seria impossível que todas as reservas esgotassem. Eles precisam ser mantidos em caso de uma emergência real.
Ter carros elétricos seria uma grande saída para esses preços exorbitantes gerados em 2022 e sorte de que tem, mas infelizmente é uma minoria. E toda uma infraestrutura leva tempo.
Outro fato é que cerca de 60% de toda a eletricidade vem de combustíveis fósseis (carvão + gás natural), e outros 20% da produção de energia que vem de reatores de fissão nuclear (zero emissão, mas produz lixo nuclear). Isso é 80% de energia proveniente de fontes de energia “sujas”. Essa é a fonte da eletricidade que abastece nossos carros elétricos. Então não seria uma “solução limpa”?
E o que tem a ver o filme que mencionei acima? O longa foi baseado em um romance de Richard Matheson publicado em 1954 com o mesmo nome. Um tanto ironicamente, o mundo pós-apocalíptico no livro foi causado por uma pandemia que matou a maior parte da população.
O filme, no entanto, desenvolveu um enredo diferente. Os cientistas criaram um vírus que agia como uma cura para o câncer e que não funcionou. Na verdade, causou mutações no genoma humano, e quase toda a população humana foi afetada e se transformou em zumbis noturnos assustadores. Além dos preços ridiculamente altos da gasolina, vamos torcer para que o resto da história de “I Am Legend” permaneça como ficção.
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