
Os investigadores da Scripps Research descreveram o composto, conhecido como diAcCA, como uma versão estabilizada do ácido carnósico. Essa substância é famosa por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Em ensaios realizados em camundongos, o diAcCA demonstrou aumentar a formação de sinapses, reduzindo inflamações cerebrais e os níveis de proteínas nocivas ligadas à progressão do Alzheimer.Publicada na revista Antioxidants, a pesquisa é um marco importante no desenvolvimento de novas opções terapêuticas para doenças neurodegenerativas. O diAcCA não apenas mostrou segurança, mas também o potencial de ser utilizado em conjunto com medicamentos existentes.
Os Mecanismos por Trás da Descoberta
Historicamente, o alecrim sempre foi considerado uma erva benéfica para a memória, e agora a ciência valida essa crença popular. O ácido carnósico, encontrado tanto no alecrim quanto na sálvia, provou ser eficaz na ativação de enzimas que protegem o organismo de inflamações e danos oxidativos.
Um desafio anterior era a instabilidade do ácido carnósico em sua forma natural, tornando-o difícil de utilizar terapeuticamente. Os pesquisadores da Scripps abordaram essa limitação ao desenvolver o diAcCA, que se transforma completamente no intestino antes de ser absorvido pela corrente sanguínea, garantindo que atinja o cérebro de forma eficaz.
Essa inovação permite que o composto atue especificamente nas áreas do cérebro que estão inflamadas, minimizando o risco de efeitos adversos e aumentando sua eficácia.
Resultados Promissores
Após três meses de tratamento com diAcCA em camundongos com sintomas de Alzheimer, os resultados foram notáveis: os testes de memória mostraram uma melhora acentuada, quase retornando à normalidade.
Os cérebros dos animais também apresentaram um aumento significativo nas conexões sinápticas e uma drástica diminuição de proteínas prejudiciais, como a beta-amiloide e a tau fosforilada, que são marcadores críticos da doença.
“O tratamento não apenas atrasou a deterioração da memória, como em muitos casos restaurou quase completamente a função cognitiva”, destacou o neurologista Stuart Lipton, um dos autores do estudo.Atuação Precisa e Segura
Um dos aspectos mais importantes deste estudo é que o diAcCA é ativado especificamente nas regiões do cérebro que apresentam inflamação. Isso garante que o composto atue somente onde é necessário, reduzindo ainda mais os potenciais efeitos colaterais. Além disso, dado que o ácido carnósico já é considerado seguro pela FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA), a transição para testes clínicos em humanos pode ser acelerada.Os testes de toxicidade demonstraram que o composto é bem tolerado, e curiosamente, ele também promoveu a redução das inflamações no sistema digestivo dos animais, reforçando seu perfil medicinal.
Os camundongos mostraram uma absorção mais eficiente do diAcCA em comparação ao ácido carnósico natural, indicando que este novo composto tem uma biodisponibilidade maior e atua de forma mais eficaz.
Um Futuro Brilhante
Lipton acredita que o diAcCA poderá ser utilizado sozinho ou combinado com outras terapias já aprovadas para o Alzheimer, o que pode minimizar os efeitos colaterais, como inchaços ou hemorragias cerebrais.
As possíveis aplicações não se limitam ao Alzheimer. Devido à sua função anti-inflamatória,pesquisadores sugerem que o diAcCA também pode ser benéfico para lidar com condições como diabetes tipo 2,doenças cardíacas e outras condições neurodegenerativas,incluindo o Parkinson.
“O que observamos foi uma verdadeira melhora na função cerebral. Isso é o que mais nos entusiasma”, comentou Lipton. “Estamos confiantes de que este composto poderá mudar a vida de milhões.”
A ciência avança, e com ela, novas esperanças também surgem.
A sálvia é uma planta reconhecida por suas qualidades aromáticas e medicinais, nativa da região do Mediterrâneo. – Foto: Unsplash