Kat Torres — guru espiritual e influenciadora digital brasileira que foi presa nos Estados Unidos — está no centro de uma série de acusações, que vão de estelionato a tráfico humano. O Ministério Público Federal investiga o caso, que veio à tona depois que parentes e amigos de duas brasileiras perderam o contato com as jovens. Elas moravam na casa de Kat.
Entre supostos rituais para segurar um amor ou banhos que atrairiam prosperidade, uma série de vítimas. Letícia, de 21 anos, deixou Perdões, em Minas Gerais, em 2020, para um programa de intercâmbio nos Estados Unidos. lá, trabalharia como babá numa casa de família. “Depois agora esse ano, nós descobrimos que ela que influenciou a Letícia mesmo a ir com esse programa au pair, porque seria mais fácil de conseguir o visto. E depois ela ia trabalhar com a Kat. Em agosto, como a gente não tinha notícia nenhuma mais dela, nós resolvemos então fazer um boletim de ocorrência”, contam os pais da jovem. Enquanto o casal procurava pela filha, Patrícia, que mora no Canadá, buscava pela amiga, a brasileira Desiree, de 26 anos.
“Notei que ela estava desaparecida quando ela simplesmente saiu das redes sociais e ela me bloqueou no WhatsApp”, lembra a amiga.
Desiree morou Canadá. Depois, foi pra Alemanha, mas queria mesmo viver nos Estados Unidos. Quando as buscas pelas duas repercutem nas redes sociais, as jovens Letícia e Desiree reaparecem assim: “Eu estou gravando esse vídeo pra ordenar que vocês parem de me perseguir. Parem de me procurar”. Nas redes sociais, as duas com Kat passam a fazer lives com denúncias sem provas, e chegam a envolver quem está assistindo na intenção de ajudar.
“Eu achei a forma que ela tava falando estranha – no mínimo – eu falei para ela Letícia todo mundo está super preocupado com você, a gente quer saber se você tá bem”, diz Yasmin Brunet, modelo. O nome da modelo foi parar em postagens com acusações caluniosas: “Ela já começou a me acusar logo de cara, que não fez sentido alguma acusação dela, que eu estava do lado de abusadores, e já começou a fazer as postagens me caluniando”. No dia 2 de novembro, Kat, Desiree e Letícia foram presas por policiais de imigração no estado do Maine, que fica no extremo nordeste dos EUA e faz fronteira com o Canadá. Segundo a polícia de imigração, as três foram presas porque estão ilegais no país. Por telefone, Kat disse que ainda não tem advogado. A ligação foi feita da prisão, supervisionada por uma agente americana. “Eu não sei por que fui presa. Eles dizem que o meu visto estava vencido e que agora eu tenho que deixar o país, mas eles não me dão mais informações”, afirma.
O Fantástico conversou com cinco ex-clientes de Kat. Elas se sentem enganadas pela guru espiritual. Depois de pagarem consultas, as mulheres foram chamadas para trabalhar com Kat, algumas nos Estados Unidos.
“Ela me tirou da minha casa, da estrutura que eu estava, me colocou numa situação totalmente vulnerável, que eu estava as mãos dela, não me pagou salário nenhum e como que eu ia sair? Fiquei com fome muitas vezes”, relata. Algumas dessas mulheres dizem que Kat propunha relacionamentos com homens americanos em troca de dinheiro: “Você tem problema em ser sugar baby. As meninas fazem US$ 1.000 por dia. Eu agradeço por não ter caído na dela”. Outras vítimas contam que investiram alto nas promessas de Kat: “Tinha acabado de perder os meus pais. E aí ela falou que eu precisava parar de tomar os meus antidepressivos. Eu tive que tirar as minhas aplicações. Bem por alto, acho que uns 80.000 e contar assim os juros que ela teria que pagar”. As defesas de Letícia e Desiree dizem que elas são vítimas da influenciadora.
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