Um advogado de defesa do brasileiro Rondon Athayde argumentou na quarta-feira, dia 11, durante uma audiência de apelação que a condenação por assassinato deveria ser anulada devido a perguntas sobre a causa da morte e o estado de espírito dele ao fazer declarações incriminatórias à polícia.
Athayde foi condenado por assassinar sua namorada Ana Cordero, em sua casa, na cidade de Hartford (Connecticut), em 2018, com as duas filhas do casal na casa. O julgamento ocorrido em 2021 durou dois dias com depoimentos que incluíram o médico legista Mark Flomenbaum, que disse que a vítima sofreu pelo menos 43 golpes de uma haste de metal.
O brasileiro foi condenado a 50 anos de prisão em setembro do ano passado.
Durante a audiência de apelação na quarta-feira, o advogado de defesa, Rory McNamara, argumentou sobre o testemunho do médico legista e afirmou que a morte foi resultado de ferimentos novos e antigos. Ele afirmou que, embora não houvesse dúvidas de que as ações de Athayde levaram à sua morte da mulher, ele não acredita que ela teria morrido se não fosse por ferimentos anteriores. “Também não há evidências suficientes de que Athayde foi o responsável pelos ferimentos anteriores”, acrescentou.
O Procurador-geral adjunto, Donald Macomber, disse que a vítima perdeu dois terços de seu sangue como resultado do espancamento feito por Athayde na noite de sua morte, o que “foi mais do que fatal”.
Macomber disse que há evidências de que Athayde espancou sua companheira em várias ocasiões e disse que “não há dúvida” do relatório do médico legista de que esta agressão foi a causa da morte. “Você realmente acha que faria diferença com um júri neste caso?”, indagou ele. McNamara argumentou que o espancamento foi “a causa final, mas não a única causa” da morte e disse que, embora houvesse evidências de brigas anteriores, não havia “nenhuma evidência racional no registro de que ele causou os problemas crônicos subjacentes”.
Durante o julgamento de 2021, o advogado de defesa Clifford Strike pediu ao júri que considerasse seu cliente culpado de homicídio culposo em vez de doloso.
Macomber disse que a partir do momento em que a polícia chegou ao local, Athayde assumiu a responsabilidade pelo assassinato. “Ele falou aos detetives que fez isso”, disse. “Ele explicou a eles que o casal já haviam brigado antes”.
Como parte do recurso, a defesa também questionou o estado de espírito de Athayde ao fazer declarações incriminatórias à polícia logo após a morte de Cordero. McNamara disse que Athayde não dormia há 36 horas, se sentia mal e não sabia o que estava falando.
Durante o julgamento, o tribunal determinou que as declarações que ele fez para a polícia enquanto caminhava por sua casa foram voluntárias e uma moção para suprimir as declarações foi negada.
A juíza Valerie Stanfill, que presidiu a audiência de quarta-feira, disse que as alegações orais serão analisadas e uma decisão por escrito será emitida “no devido tempo”.
Cordero foi assassinada em 13 de dezembro de 2018, na casa que ela e Athayde dividiam, no 62 Bear Mountain Road.
Ao aplicar a sentença, no ano passado, o juiz William Stokes chamou a violência doméstica de “brutal e “extraordinariamente violenta” e de “abominável”. Ele acrescentou que as imagens de Cordero, 41 anos, e a cena do crime, “ficaram em sua mente por várias semanas”.
Stokes acrescentou que ficou claro para ele, diante das evidências apresentadas no julgamento, que não foi a primeira vez que Cordero foi agredida fisicamente. “Em todo o meu tempo como juiz e como Promotor, essa foi uma das agressões mais brutais que já vi”, disse o magistrado.
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