Ajudar o paralítico a andar e o mudo a falar. Bem, pelo menos é o que cientistas e empresas disputam para fazer acontecer com os “chips cerebrais”. No início de 2024, se tornou mundialmente conhecido que a Neurolink, empresa fundada pelo bilionário Elon Musk, fez o primeiro implante de um chip em um humano. Musk, contudo, não é o único a liderar a tecnologia de chips cerebrais.
Os chips cerebrais têm como objetivo principal estabelecer uma comunicação direta entre o cérebro humano e sistemas eletrônicos. Isso pode incluir a capacidade de registrar a atividade cerebral, estimular regiões específicas do cérebro ou até mesmo criar uma interface direta entre o cérebro e dispositivos externos, como próteses ou computadores.
A tecnologia da Neurolink, chamada “Telepatia” foi projetada para colocar milhares de eletrodos extremamente finos na superfície externa do cérebro, possibilitando a comunicação sem fio com o mundo exterior. Durante os testes, um macaco com o chip foi capaz de digitar em um teclado virtual apenas com a mente.
Além disso, o chip foi capaz de enviar sinais de volta aos neurônios do cérebro e do sistema nervoso, auxiliando a recuperar funções motoras. No entanto, após a primeira aplicação do chip em um humano, o americano Noland Arbaugh, ficou paralisado dos ombros para baixo após sofrer um acidente de mergulho, cerca de 85% dos fios do dispositivo se desconectaram
Quem está na corrida pelos chips cerebrais?
Ao mesmo tempo e, inclusive antes, provando que Elon Musk não é o único em busca da tecnologia de chips cerebrais, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em São Francisco, desenvolveram um implante cerebral que permitiu a um sobrevivente de AVC, chamado “Pablo”, recuperar sua capacidade de comunicação em espanhol e inglês.
O implante foi projetado pelo Centro de Engenharia e Próteses Neurais da universidade, que trabalhou por vários anos para criar um sistema de decodificação capaz de transformar a atividade cerebral do paciente em frases em ambos os idiomas. O estudo, publicado na Nature Biomedical Engineering, revela que o implante foi treinado usando inteligência artificial, especificamente uma rede neural, para decodificar palavras com base na atividade cerebral do paciente enquanto tentava articulá-las.
Até 2021, o implante havia restaurado significativamente a capacidade de comunicação de Pablo, mas apenas em inglês. No entanto, os avanços feitos naquele ano permitiram que os pesquisadores desenvolvessem um sistema de decodificação que tornou possível a habilidade bilíngue.
O grupo de pesquisa liderado pelo Dr. Edward Chang, co-diretor do Centro de Engenharia e Próteses Neurais, enfatizou que o implante permitiu que Pablo participasse de conversas, alternando entre os dois idiomas com base em sua preferência.
Mesmo que ainda existam desafios a serem superados, os progressos já alcançados têm mostrado um futuro promissor, principalmente quando pensamos que as descobertas podem melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas.
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