Vacina brasileira contra câncer de próstata inicia testes nos EUA
Na semana passada, uma vacina desenvolvida no Brasil para o tratamento do câncer de próstata passou a ser testada nos Estados Unidos. A inovação, que ganhou destaque no noticiário, é uma contribuição significativa do Instituto Nacional do Câncer localizado no Rio de Janeiro, sob a liderança do médico gaúcho Fernando Kreutz.
Depois de um empenho de 25 anos em pesquisas no Brasil, o imunizante obteve a aprovação da FDA, a agência regulatória de saúde americana. Com um enfoque terapêutico, essa vacina é projetada para evitar a recorrência da doença em pacientes que já enfrentaram o câncer de próstata. “Ela tem o objetivo de fortalecer a resposta imunológica do paciente, prevenindo a volta da doença”, esclareceu o Dr. Kreutz em entrevista.
A vacina de Kreutz baseia-se em um método de imunoterapia que oferece tratamentos personalizados. O processo inicia-se com a coleta de fragmentos do tumor do paciente, que são então cultivados e modificados em condições laboratoriais. Esses componentes são posteriormente utilizados para potencializar a defesa imunológica do próprio paciente.
Na última semana, o primeiro de 280 voluntários começou a fornecer amostras para o estudo nos EUA. O Dr. Kreutz acredita que, caso os resultados sejam positivos, a FDA poderá conceder a autorização para a vacina brasileira dentro de dois anos.
O câncer de próstata é o tumor mais comum entre homens, atrás apenas do câncer de pele, afeta a glândula que se situa abaixo da bexiga e envolve a uretra.
A equipe do Dr. Fernando está investigando por que os casos de câncer de próstata no Brasil apresentam características diferentes dos dados globais. “Estamos explorando as particularidades genéticas dos brasileiros, e pretendemos prosseguir com essa pesquisa nos próximos três anos”, afirmou o médico em um programa de televisão.
Informações recentes surpreenderam a comunidade médica: segundo normas internacionais, aproximadamente 30% dos casos diagnosticados são considerados de alto grau, ou seja, agressivos. Porém, no Brasil, essa taxa é quase o dobro.
As projeções indicam que os casos de câncer de próstata poderão dobrar até 2040. As pesquisas em andamento têm a potencialidade de beneficiar milhares de pacientes. Especialistas ressaltam a importância da detecção precoce da doença, recomendando que homens a partir dos 45 anos consultem seus médicos regularmente. O diagnóstico em estágios iniciais aumenta significativamente as chances de tratamento e cura.
Dr. Fernando Kreutz e a vacina brasileira contra o câncer de próstata – Foto: TV Senado