Imigrantes brasileiros nos EUA temem deportação em massa sob governo Trump
A mineira Lucimara Rodrigues, que cruzou a fronteira dos Estados Unidos com o México em busca do “sonho americano” há 21 anos, vive sob medo constante de ser deportada. Estabelecida em Boston e dona do próprio negócio, ela permanece sem regularizar seu status migratório.
Com a possibilidade de uma nova onda de deportações sob o governo Trump, imigrantes como Lucimara temem a hostilidade e abordagem agressiva das autoridades. Durante o primeiro mandato do republicano, ela enfrentou blitz da Imigração nas ruas e um clima de delação criado pelo presidente.
“No primeiro governo Trump, eu tinha medo de ser deportada porque ele colocava blitz de agentes da Imigração na rua. Não dá para sair à noite. Você fica com medo de que seus vizinhos chamem a Imigração para pegar você”, relata Lucimara. Seu caso não é único: estima-se que cerca de 230 mil brasileiros vivam irregularmente nos EUA.
O Brasil é o 8º país com mais imigrantes sem documentos nos Estados Unidos. Dados do Departamento de Segurança Interna mostram que entre outubro de 2019 e setembro deste ano foram registrados 162 mil brasileiros tentando cruzar a fronteira México-EUA.
Segundo o Itamaraty, os EUA são o principal destino dos expatriados brasileiros, com cidades como Nova York, Boston e Miami liderando as comunidades no país.
Imigração brasileira nos EUA em pauta
A preocupação com os direitos dos imigrantes no contexto da política migratória dos Estados Unidos está cada vez mais presente, mesmo entre aqueles com status regular. Elen Silva (nome fictício), brasileira que migrou para o país em 2018, compartilhou suas apreensões sobre a atual situação. Seu primeiro emprego foi como doméstica, e hoje ela atua em uma ONG de acolhida a imigrantes em Boston.
Elen destaca as ordens executivas impostas por Trump durante seu primeiro mandato, que restringiram o acesso de migrantes irregulares a direitos básicos. Apesar das ameaças de deportação, ela ressalta que as medidas podem afetar primeiramente aqueles mais recentemente chegados ou com histórico criminal. A advogada Marta Mitico alerta para os impactos negativos dessas políticas na economia e nas comunidades locais.
O cenário sob Trump versus democratas
No governo Trump entre 2017-2021, cerca de 1,6 milhão de imigrantes foram deportados dos EUA. Esse número representa quase metade do total registrado nos primeiros anos da gestão Obama. Marta Mitico compara a abordagem mais discreta do governo Obama às questões migratórias com o estilo controverso de Trump. Ela destaca os desafios práticos e econômicos envolvidos na implementação massiva de deportações.
Mesmo diante das promessas eleitorais relacionadas à imigração, é crucial considerar os possíveis impactos sociais e econômicos dessas políticas ao longo do tempo.
Entre 2009 e 2016, houve uma variação significativa no número de deportações nos Estados Unidos. No total, foram 490 mil a menos de imigrantes enviados de volta ao seu país entre o primeiro mandato de Obama (2009-2012) e o segundo (2013-2016). Mesmo com um maior influxo de saídas irregulares durante gestões anteriores, foi durante o governo Obama que ocorreu a maior quantidade legalmente deportada na História do país: 3 milhões. Gustavo Nicolau, advogado especializado em imigração nos EUA, explicou que esse cenário se desencadeou pela série de processos iniciados sob George W. Bush (2001-2008), resultando na saída voluntária de aproximadamente 8 milhões de pessoas consideradas “deportáveis”. Um cenário que pode se repetir sob Trump visto que o processo legal é mais demorado e dispendioso.
Lucimara Rodrigues, residente nos EUA durante todos esses períodos presidenciais, destaca uma atmosfera menos hostil sob administrações democratas mesmo diante da elevada taxa de deportação. Segundo ela: “Os democratas lideram as deportações e o fazem seguindo um protocolo tão rigoroso que não há margem para recurso judicial sobre questões migratórias. Contudo, internamente eles protegem contra abusos dos supremacistas brancos” afirmou. Sobre Trump, ela apontou um processo irregular e temeroso utilizando empresas para efetuar as deportações.
Agora com Senado controlado pelos Republicanos, a Câmara caminhando na mesma direção política e a Suprema Corte com maioria conservadora; tanto Elen quanto Lucimara manifestaram receio sobre alterações legislativas que poderiam possibilitar abordagens policiais aos imigrantes denunciantes como prática proibida atualmente ou cruzamento indevido das informações com serviços essenciais como saúde e educação.
Nicolau também destacou que a retórica anti-imigração promovida por Trump influenciou até as instâncias superiores do sistema legal tornando medidas constitucionais básicas mais flexíveis. Alertou ainda sobre a possibilidade da modificação do critério acionador para início dos processos legais contra imigrantes irregulares citando delitos menores como infrações resultadas em multas passíveis de encaminhamento para Departamento de Imigração.
Fuga intelectual
Embora adote um discurso contundente em relação à imigração ilegal Nicolau lembrou da proposta apresentada por Trump ao Congresso considerando quintuplicar os green cards baseados em mérito durante seu primeiro mand
Fuga de Cérebros: Imigrantes Brasileiros Preocupados com possível Deportação nos EUA
A preocupação dos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos aumentou devido às declarações do governo Trump sobre deportações em massa. Embora haja um argumento de que o país necessita desesperadamente de imigrantes para manter sua competitividade global, a retórica anti-imigração levanta incertezas e temores na comunidade.
Analistas apontam que a estratégia do Departamento de Imigração americano é crucial para combater a perda de talentos qualificados para países como China e Rússia. Desta forma, medidas que restringem vistos baseados em relação familiar e asilo humanitário podem impactar negativamente no influxo de mão de obra especializada.