Um vídeo lindo de um neto adulto tomando mamadeira com vovó, que tem Alzheimer, está aquecendo corações das redes sociais pelas lições de amor e de gratidão. As imagens mostram o Brenda Oliveira, um homem trans de 30 anos, e a dona Lázara, de 86 anos, que ele chama carinhosamente de dona Lazanha.
“Minha mãe era mãe solo, tinha que trabalhar em Goiânia (GO) que é a cidade onde nasci, enquanto minha avó cuidava de mim em Caldas Novas”. Aos 12 anos a cena se inverteu. O neto passou a cuidar da avó e a cena que viralizou da mamadeira foi uma forma de carinho:
“Confesso que a ideia da mamadeira foi algo banal, porque ela já usa mamadeira tem tempo, e eu também (risos). Eu brinco que eu uso mamadeira, porque me trás boas memórias. Me sentei aí ao lado dela e ficamos um tempinho… então, pensei que seria legal eternizar e gravar isso, porque não sei quando será a última vez”, contou Brenda em entrevista ao Só Notícia Boa.
Erro médico, AVC e depressão
Brenda conta que a vida da dona Lázara não foi fácil. Carismática e brincalhona, ela não teve oportunidade de estudar e é analfabeta.
Os problemas começaram quando ela teve um problema no joelho e quando foi operar, houve um erro médico: “Fez a cirurgia no joelho, mas quando viram, foi no joelho errado e isso a desestabilizou demais, foi quando ela teve a depressão. Desde meus 8/9 anos comecei a ver a vovó definhando”, lamentou.
Aos 12 anos Brenda começou a dormir com a avó “para ficar de olho na apneia, depois começaram os problemas de locomoção. Então comecei a dar banho em cadeira de banho, e aos 15 eu já era responsável parcialmente por ela. Até ela ter o primeiro AVC , onde constatamos o Alzheimer em seguida. Por isso decidi ser o cuidador oficial desde então, e assim sou até hoje”.
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Perto dos 23 anos, Brenda teve que escolher entre ser o cuidador da vovó e seguir os sonhos dele: “Eu já havia sido convidado pra ser modelo fotográfico em São Paulo e queria fazer faculdade de nutrição na época. Porém, fiz meio período de técnico em enfermagem e fiquei em Goiânia”.
Hoje Brenda Oliveira é um influenciador que conta a rotina dele nas redes, mostra “os perrengues e façanhas” ao lado da vovó, fala dos pets dele, saúde mental, física, com dicas nas redes sociais:
“Nunca fui de expor muito a vovó, até porque sei que ela não tem mais noção das coisas como antes, mas mostro ela de vez em quando para as pessoas saberem que ela está bem e bem cuidada”, afirmou.
A transição do Brenda
Brenda se tornou um homem lindo, forte e carismático. Ele lembra que começou a transição na adolescência.
“Comecei aos 15 a transicionar só de cortar o cabelo, mudar as vestes, e fazer academia. Aos 19 que comecei o tratamento hormonal”. E teve apoio da vovó querida, mesmo com olhares tortos do resto dos parentes.
“Foi ela quem conversou com a minha mãe e me apoiou, para que eu fosse acolhido na adolescência, mesmo debilitada ela era consciente e eu só fui saber disso, dela intervir com a minha mãe, anos depois, quando minha mãe me contou”, disse.
E ele conta como enfrentou o preconceito: Só me importava o que ela e minha mãe pensavam, então criei uma barreira mental, para que a parte de preconceito da família não me atingisse na época, e assim vivi.. geralmente quem sofre com preconceito dentro da família, vem mais forte quando sofre preconceito de gente de fora, meio que somos vacinados, justo porque não fomos acolhidos por quem esperávamos apoio.
Amor acima de tudo
“Sinto que sou grato por ter tido a vovó. Eu sei que sem o que ela me ensinou e a experiência que ela me fez ter, eu não seria metade do que sou”, disse Brenda.
E a cena do vídeo da mamadeira mostra só um pouquinho desse amor forte entre o neto e a avó.
“A diferença foi ter colocado uma câmera para gravar, justamente porque eu queria ver como é, além de sentir, e não achava que ia repercutir. Espero que as pessoas entendam que nem tudo é por like, às vezes é só por uma boa lembrança de quem a gente ama”, lembrou.
Assista ao vídeo do neto adulto tomando mamadeira com a vovó:
Aqui Brenda mostra como dá banho na vovó acamada:
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Matéria original por Só notícia boa
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